Faculdade de Odontologia da UFMG retoma atendimentos de urgência

terça-feira, 9 de fevereiro 2021, às 15h15

Serviços foram interrompidos em março de 2020 devido à pandemia; atividades não adaptáveis ao modo remoto foram reiniciadas em janeiro

As atividades clínicas da Faculdade de Odontologia (FAO) da UFMG foram retomadas no dia 11 de janeiro de 2021 e, inicialmente, estão restritas aos atendimentos de urgência. Durante o segundo semestre de 2020, em função dos protocolos de distanciamento social adotados devido à pandemia do novo coronavírus, o projeto de extensão Acolhimento e Orientação ao Usuário da FAO adaptou seu plano de trabalho à nova realidade e criou o Acolhimento Remoto.

Canais de comunicação (Whatsapp e e-mail) foram criados e disponibilizados na página da FAO, com o objetivo de receber as diversas demandas de pacientes nesse período. Aproximadamente 600 pacientes foram acolhidos e orientados remotamente. Com a retomada dos atendimentos de urgência, esses pacientes começaram a ser atendidos, priorizando aqueles que já estavam em tratamento na faculdade e apresentaram queixa de dor em seu autorrelato.

“Para viabilizar o retorno presencial das atividades não adaptáveis ao ensino remoto, o Colegiado do Curso de Graduação em Odontologia e o Núcleo Docente Estruturante FAO trabalharam intensamente de acordo com as diretrizes emanadas pela Pró-reitoria de Graduação e seguiram o fluxo determinado por elas. Na proposta apresentada à Câmara de Graduação da UFMG, aprovada pela Egrégia Congregação FAO, priorizou-se a oferta de disciplinas para os alunos concluintes do curso. Essa proposta não só cobria uma demanda acadêmica como, também, o cumprimento da responsabilidade social e ética do cuidado à vida dos envolvidos, assim como da comunidade assistida, e a assistência odontológica como retorno social”, disse o coordenador do Colegiado, professor Ênio Lacerda Vilaça.

Segundo a professora Francisca Daniele Jardilino, coordenadora da disciplina de Urgências Odontológicas, são atendidas demandas de todas as especialidades, inclusive pacientes especiais e odontopediatria. Os serviços são ofertados de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h, e nas quartas-feiras pela manhã, das 8h às 11h, mediante agendamento prévio.

Para a retomada das atividades, foram feitas adaptações na disciplina de Urgências Odontológicas em razão da pandemia. "O número de pessoas que circula na faculdade teve que ser diminuído, pois não pode ocorrer aglomeração. Assim, o número de atendimentos diários foi reduzido, além de ocorrer somente por meio de agendamento, monitoramento de sinais e sintomas e pela aferição de temperatura corpórea”, ressalta a professora.

Como as equipes de atendimento precisam respeitar a regra de distanciamento de dois metros, devido à produção de aerossóis gerados em muitos procedimentos odontológicos, a clínica não pode funcionar com sua capacidade total. “Podemos usar apenas quatro unidades odontológicas por clínica. Além disso, foi necessário aumentar o número de professores na disciplina, responsáveis por orientar e supervisionar cada dupla de alunos, que atende somente um paciente por turno”, explica.

Conforme a professora, a retomada da disciplina de Urgências Odontológicas é muito importante para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e para a população em geral, pois supre, pelo menos parcialmente, a demanda de procedimentos odontológicos considerados urgentes e inadiáveis nesse período de pandemia. “Além disso, essa disciplina servirá como um modelo para o retorno das demais. O retorno dessa disciplina presencial faz parte do Plano de Retomada das Atividades Não Adaptáveis ao Modo Remoto da UFMG, que prioriza atender os alunos concluintes do curso de graduação em Odontologia. Assim, com o cumprimento dessa disciplina e outras que estão sendo oferecidas na modalidade remota emergencial ou híbrida, os alunos do décimo período poderão se formar”, acrescenta Francisca Jardilino.

Também foram retomadas as atividades da disciplina de Estágio em Saúde Coletiva, em formato híbrido, ou seja, ensino remoto emergencial e presencial, em parceria com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. A disciplina segue o que preconiza o documento Orientação para Autorização de Estágios Curriculares Obrigatórios dos Cursos de Graduação da Área da Saúde, que contempla aspectos como: distribuição dos equipamentos de proteção individual (EPIs) mediante assinatura do Termo de Ciência e Responsabilidade, Livre e Esclarecido, bem como treinamento e monitoramento dos estudantes, professores e técnico-administrativos.

Protocolos de biossegurança

A Comissão de Biossegurança da Faculdade de Odontologia estabeleceu protocolos para um atendimento odontológico seguro para os usuários, alunos, professores e servidores. São realizados pelos alunos do último período do curso quatro atendimentos ao dia por turno, ou seja, 24 atendimentos por semana.

Protocolos rigorosos de biossegurança no atendimento clínico estão sendo seguidos, como o uso completo de EPIs: avental descartável, gorro, máscara, óculos de proteção, protetor facial e luvas, além de ambientes exclusivos para a paramentação e desparamentação de alunos, docentes e servidores; desinfecção completa dos consultórios odontológicos e bancadas, antes e após os atendimentos clínicos.

De acordo com Francisca Daniele Jardilino, todos os alunos, professores e técnicos-administrativos se capacitaram por meio de um curso on-line de biossegurança, antes do início da disciplina, e receberam todo o suporte e esclarecimentos em relação às mudanças nas rotinas dos atendimentos. Além dessas medidas de controle de infecção, também são realizados testes PCR e análise de amostras do ambiente.

Atendimentos especiais

Nas quartas-feiras pela manhã, são realizados atendimentos de urgência de crianças com deficiência. Segundo a professora Ana Cristina Borges de Oliveira, coordenadora da disciplina Atenção Odontológica para Crianças e Adolescentes com Deficiência, uma cartilha com normas de biossegurança foi elaborada por profissionais da Odontologia, professores e gestores de vários Estados. Foram feitas reuniões para discutir o texto, que envolve diversas questões: a presença de acompanhante, uso de órtese e cadeira de rodas, técnica de comportamento, além de várias particularidades para ofertar esse atendimento com segurança para todos.

Para que as crianças se familiarizem com a nova realidade da paramentação dos profissionais relacionada ao uso de EPIs, são enviadas fotos da equipe, além de orientações aos pais sobre as novas rotinas. Como em 2020 não houve atendimentos, muitas mães entraram em contato pelo WhatsApp do projeto, pois têm medo de procurar uma unidade de urgência, por causa da covid-19, e há a dificuldade para conseguir esse tipo de atendimento no serviço público ou privado.

Saiba mais sobre o atendimento odontológico de urgência neste vídeo produzido pela TV UFMG:

Monitoramento da covid-19

Um estudo desenvolvido na UFMG está monitorando a covid-19 em professores, alunos e servidores técnico-administrativos que ainda não manifestaram sintomas ou que permaneceram assintomáticos e que atuam no atendimento odontológico de urgência e em atividades de estágio.

Na prática, eles estão aplicando a teoria de testagem em massa para avaliar seu potencial na prevenção e controle da doença. Além disso, estão monitorando a presença de material genético do vírus nas áreas de atendimento odontológico.

O estudo é coordenado pelo professor Ricardo Gomez, responsável pelo Laboratório de Biologia Molecular da Faculdade de Odontologia, em conjunto com os professores Renan Pedra e Renato Santana, ambos do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do Instituto de Ciências Biológicas.

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