Fim do auxílio emergencial ameaça grupos vulneráveis em meio ao crescimento da pandemia, alerta professora da UFMG

Em entrevista, Débora Freire afirma que retirada do benefício ocorre no momento em que a economia continua desaquecida

Na última semana de 2020, a Caixa Econômica Federal disponibilizou a última parcela para os trabalhadores informais e outros brasileiros vulneráveis que ficaram sem renda durante a pandemia de covid-19. Também nos últimos dias do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que o auxílio não será mantido em 2021. O problema é que a pandemia está longe do fim. Diversas cidades registram aumento nos números de casos, internações e mortes. O cenário, portanto, pede novas restrições, fechamentos e lockdowns.

O fim do auxílio emergencial traz impactos imediatos, como afirma a professora Débora Freire, da Faculdade de Ciências Econômicas e pesquisadora do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da UFMG. "O primeiro impacto é social e de aumento da vulnerabilidade das famílias. O auxílio está sendo retirado em um momento em que a economia e o mercado de trabalho ainda não estão aquecidos para absorver essas pessoas", explica. 

"Consequentemente, isso vai aumentar a taxa de pobreza e de extrema pobreza do país e a desigualdade. Com o auxílio emergencial em 2020, nós vimos uma queda na taxa de pobreza nunca vista antes justamente porque foi um auxílio robusto", destaca Débora Freire. A professora salienta ainda que o nível de pobreza já era alto desde a crise econômica de 2015. Com a pandemia, esses índices tendem a crescer ainda mais. 

Do ponto de vista econômico, as famílias vão perder capacidade de compra. "O consumo vai cair e, consequentemente, a produção, a geração de renda e o recolhimento de impostos. Haverá impacto social e econômico", comenta Débora Freire. 

Parlamento

A atuação do Congresso Nacional na articulação de propostas para manter o auxílio vem sendo fundamental desde o início da pandemia. Dois projetos de lei estão tramitando na casa: o 5492/20, de autoria dos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Esperidião Amin (Progressistas-SC), pretende estender o decreto de Estado de Calamidade e oferecer um auxílio de R$ 300 até março. O PL 5494/20, dos senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Paulo Rocha (PT-PA), propõe que o valor de R$ 600 seja pago durante todo o primeiro semestre de 2021. 

"Toda a movimentação do auxílio emergencial no ano passado veio do Congresso, que tem exercido papel primordial. É importante que ele se mantenha ativo e tome frente das questões em relação à pandemia e à economia porque o governo federal tem-se mostrado muito errático nessa condução. Tanto do ponto de vista sanitário quanto da economia", defende Débora Freire. 

Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, a professora falou sobre os cenários de curto, médio e longo prazo e sobre as diversas implicações que o fim do auxílio emergencial pode trazer para a sociedade brasileira. Ouça a entrevista aqui.

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

Assessoria de Imprensa UFMG