Movimento ‘Quem ama não mata’, coordenado por professora da UFMG, promove palestra sobre feminismos
Simone de Beauvoir e os feminismos contemporâneos do Brasil e do mundo é o tema da palestra que a professora Magda Guadalupe dos Santos, da Uemg e da PUC-MG, vai ministrar no próximo sábado, 13 de abril de 2024, a partir das 10h, na Academia Mineira de Letras (AML). O evento integra o segundo encontro do ciclo de debates Sábados feministas, realizado em parceria entre o Movimento Quem ama não mata, coordenado pela professora Mirian Chrystus, aposentada do Departamento de Comunicação Social, e a AML. A entrada é gratuita, e haverá interpretação em Libras.
"Não se nasce mulher, torna-se mulher", uma das frases mais emblemáticas da escritora Simone de Beauvoir, está no livro O segundo sexo (1949), que causou grande impacto nos feminismos das décadas de 1960 e 1970. Mas o que sua autora teria a dizer às mulheres de hoje, principalmente as brasileiras? É o que se propõe a debater a filósofa e professora Magda Guadalupe, estudiosa da obra de Beauvoir desde a década de 1970 e integrante do Comitê Editorial Board de Simone de Beauvoir Studies e do GT Filosofia e Gênero, da Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia (Anpof).
Na palestra, Guadalupe pretende fazer uma atualização de O segundo sexo, discutindo o feminismo de ontem e da contemporaneidade, sob uma perspectiva histórica. “A obra de Beauvoir mostra que não há natureza humana que possa condicionar e ditar o que seja uma mulher. Por um lado, a cultura fabrica mulheres de acordo com suas conveniências sociais, políticas e econômicas, por outro, é preciso assumir autonomamente tais bases, especialmente em sua materialidade econômica, possibilitando a todas as mulheres, em todas as sociedades, educação e emprego, para que cada uma de nós possa ser o que se faz ser”, defende Magda Guadalupe.
Mirian Chrystus, coordenadora do Quem ama não mata, explica que a escolha do tema da palestra de abril se deve a uma importância crescente da filósofa francesa na atualidade. "Na década de 1970, dominou um feminismo de cunho mais abstrato, mais essencialista. Mas, cada vez mais, o feminismo se tornou algo concreto, inscrito na vivência das mulheres. O que uma mulher branca passa na vida não é a mesma coisa que vive uma mulher negra ou indígena. E para chegarmos a essa consciência do nosso lugar de fala no mundo, certamente contribuiu Simone de Beauvoir, com sua frase 'Não se nasce mulher, torna-se mulher', que sintetiza a concretude histórica da experiência de cada uma", analisa.
O segundo sexo
É a obra em que Beauvoir se aprofunda nos conceitos e referências do existencialismo francês, que tem Jean-Paul Sartre como expoente máximo. Companheiros de vida, Simone e Jean partilharam uma relação aberta, livre - em alternativa ao casamento tradicional burguês. Com base nessa relação, Beauvoir escreveu o livro de memórias Cerimônia do adeus, em que narra seus últimos anos de convivência com Sartre até sua decadência física perto da morte, em 1980.
