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50 mortos no Texas: por que as pessoas se arriscam tanto em busca de uma vida melhor nos EUA?

Professor da UFMG conversou com o programa Conexões sobre fluxos migratórios no mundo e o imaginário do "sonho americano"

Ao menos 50 corpos de imigrantes do México e das Guatemala foram encontrados em um caminhão abandonado no Texas
Ao menos 50 corpos de imigrantes do México, Guatemala e Honduras foram encontrados em um caminhão abandonado no Texas Reuters / Reprodução Agencia Brasil

Um caminhão abandonado foi encontrado em San Antonio, no Texas, com pelo menos 50 corpos sem vida dentro do baú. Eram imigrantes do México, Guatemala e Honduras. Cerca de 16 sobreviventes, incluindo 4 crianças, teriam sido socorridos e levados a hospitais. O veículo e as pessoas foram localizados a cerca de 250 km da fronteira com o México na última segunda-feira. A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Agência da entidade para Refugiados (Acnur), e da Organização Internacional para Migrações (OIM), emitiu nota prestando condolências e pedindo investigação rigorosa do caso. Enfrentando temperaturas próximas de 40ºC, o grupo era transportado sem água ou climatização adequada, em busca de melhores condições de vida na travessia ilegal para os Estados Unidos. De acordo com o presidente do México, López Obrador, os fatores que levaram as pessoas a buscarem a imigração irregular foram “pobreza e desespero”. As causas das mortes ainda não foram descobertas. Três suspeitos estão sendo investigados e um homem, apontado como o motorista do caminhão, foi acusado de tráfico de pessoas. 
Os números de imigrantes clandestinos nos Estados Unidos seguem altos. Segundo o Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteira do país, em maio deste ano, 239 mil foram detidos e no ano de 2021 foram 1 milhão e 700 mil. Casos como esse, em que a travessia não é concretizada, não são exceções. Segundo a OIM, quase 3 mil pessoas estão desaparecidas no México ou morreram durante a travessia para o país vizinho desde 2014. A Organização pediu, ao lado da Acnur, que houvesse ações concretas para reduzir as mortes nas rotas migratórias. Na mesma nota, foi citado um caso em que ao menos 23 migrantes africanos morreram e 76 ficaram feridos ao tentarem entrar na Espanha pelo Marrocos na última sexta-feira. A ONU pediu a ambos os países que iniciem uma investigação para apurar o que ocorreu e responsabilizar os autores. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu na terça-feira, 28, o fortalecimento da luta contra "uma indústria criminosa que gera bilhões de dólares", em alusão ao tráfico de migrantes. A política de imigração do país gera muito debate e eram esperadas mudanças com o novo presidente que não aconteceram. 


O programa Conexões conversou com o professor Gilvan Guedes, Professor do Departamento de Demografia da UFMG e Coordenador do Grupo de Estudos em Economia, População e Ambiente da UFMG (EPOPEA) e coordenador da sub-rede Cidades e Urbanização da Rede Clima.
Na entrevista, o professor falou sobre o recente episódio no Texas, imigração irregular, porque as pessoas buscam tanto os Estados Unidos visando melhores oportunidades e os desafios de se estabelecer em outro país. Ele também detalhou especificamente o que representa a ida para o país norte-americano para habitantes de Governador Valadares, aqui em Minas Gerais, assunto que é seu objeto de pesquisa.

"A situação, a gente tem que olhar muito mais pelo lado dos atravessadores ilegais, os coiotes, do que pelo ponto de vistas das pessoas se arriscam fazendo essa migração. Muitas delas não tem informação, inclusive, a não ser a única oportunidade de fazer essa travessia. Muitas vezes são enganadas por esses coiotes e acabam se submetendo a essa situação", explicou o professor.

Ouça a conversa com a apresentadora Luiza Glória:

Produção: Alícia Coura e Arthur Resende, sob orientação de Alessandra Dantas e Luiza Glória