[Opinião] 8 de março: dia de luta e sonho
Em mensagem à comunidade, reitora Sandra Goulart destaca conquistas das mulheres, mas avalia que a representação feminina em áreas estratégicas da academia e da sociedade ainda é insuficiente

Num passado não tão distante, as mulheres brasileiras eram impedidas de frequentar a escola, não tinham direito a voto e sequer podiam abrir uma conta bancária ou solicitar cartão de crédito sem autorização masculina. A maior parte dessas barreiras foi quebrada, a duras penas, somente no século 20. O Dia Internacional da Mulher, celebrado em mais de 100 países neste 8 de março, existe exatamente para nos lembrar que não podemos esmorecer.
As mulheres ainda travam grandes batalhas para conquistar o seu espaço na sociedade. Não é preciso ir muito longe para identificar os obstáculos. Mais da metade do quadro docente da UFMG na graduação e pós-graduação é formado por mulheres, mas isso não se traduz em efetiva representatividade em todas as áreas do conhecimento ou mesmo na ocupação de cargos de direção.
A exemplo de outros ambientes, aqui as mulheres sofrem com o chamado efeito-tesoura – à medida que avançam na carreira acadêmica, veem diminuídas as suas chances de participação em funções mais estratégicas na Instituição. Em sua história quase centenária, a UFMG teve apenas três reitoras. Há universidades que nunca escolheram uma mulher como principal dirigente.
As mulheres também estão sub-representadas em áreas “ditas” masculinas que tendem a ser mais valorizadas socialmente, como ciências exatas e engenharias. Ainda hoje, as mulheres exercem profissões majoritariamente relacionadas ao cuidado, o que é altamente meritório, pois salva vidas e garante futuros.
Mas as mulheres podem mais. Por isso, campanhas como Meninas na ciência devem ser incentivadas, como fazemos aqui na UFMG. A educação é vetor essencial para garantir equidade de gênero e presença destacada das mulheres em todas as áreas do conhecimento e espaços de poder. Mais mulheres em setores estratégicos são um indicativo seguro de uma sociedade que distribui melhor os seus direitos e responsabilidades. A igualdade é boa para todos, homens e mulheres, indistintamente.
O 8 de março é dia de sonho e luta. Um dia para as mulheres acreditarem que podem estar onde quiserem. E a sociedade precisa acolher esse desejo, o que se faz, sobretudo, com políticas públicas.
Por fim, hoje também é dia de valorizar as conquistas alcançadas graças à luta e ao talento de tantas mulheres que nos antecederam. Devemos olhar para frente, honrar o legado delas e buscar mais avanços. Parabéns às mulheres. Parabéns, sobretudo, às mulheres da UFMG, minhas amigas e companheiras queridas, por fazerem deste mundo um lugar mais justo, igualitário e diverso.