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Alunas da UFMG são premiadas por soluções criativas para problemas educacionais

Andressa Silva, do curso de Gestão de Serviços de Saúde, e Lorena Rocha, do curso de Odontologia, concorreram no Desafio LED, promovido pelo Grupo Globo e pela Fundação Roberto Marinho

Da esquerda para a direita, aparecem Andressa Silva e Lorena Rocha, ao lado dos demais participantes, jurados e do apresentador Marcos Mion
Andressa Silva e Lorena Rocha (na extremidade esquerda) junto com os demais participantes, jurados e o apresentador Marcos Mion Reprodução: Instagram | @somosglobo

Duas estudantes da UFMG foram classificadas entre os cinco finalistas do Desafio LED – Me dá uma luz aí!, na segunda edição do Festival LED – Luz na educação, no último fim de semana. Realizado no Rio de Janeiro, o desafio premiou, em quarto e quinto lugares, respectivamente, as estudantes Andressa Silva, do curso de Gestão de Serviços de Saúde, ofertado na Escola de Enfermagem, e Lorena Trigueiro Rocha, do curso de Odontologia. 

As discentes tiveram seus projetos selecionados entre mais de 2 mil inscritos no desafio. Desses, a organização escolheu 80 projetos e, após sucessivas etapas eliminatórias, chegou aos cinco finalistas, que foram premiados, no último fim de semana, com um total de R$ 300 mil. Com a classificação, Andressa Silva vai receber R$ 40 mil, e Lorena Rocha, R$ 30 mil.

Natural de Belo Horizonte, Andressa Silva, 29 anos, foi classificada com o projeto Asdo pesquisas, que tem o objetivo de popularizar o conhecimento científico e aumentar a eficiência da realização das pesquisas científicas envolvendo seres humanos, por meio da conexão entre pesquisadores e voluntários, mediados por uma plataforma virtual. Atualmente em fase de ideação, a Asdo Pesquisas será uma organização sem fins lucrativos. A previsão para início das atividades é 2024. 

"Ter a chance de apresentar o projeto no palco do Festival LED foi muito importante, uma experiência inesquecível e uma grande oportunidade de divulgação. Eu já tinha esse trabalho em andamento, inclusive já havia participado do Inova Labs, um programa de pré-aceleração de startups, no fim do ano passado. Durante as oficinas, pude aperfeiçoar as ideias do projeto e, estando entre os finalistas, ganhei um prêmio que é muito importante para poder tirar a ideia do papel”, comemora a estudante de Gestão de Serviços de Saúde.

A também belo-horizontina Lorena Rocha, 27 anos, foi classificada com o projeto Compartilhaí, aplicativo que busca facilitar a doação, a venda e o aluguel de materiais de graduação entre os estudantes de instituições públicas de Minas Gerais, a fim de reduzir a evasão nos cursos dessas universidades. 

“Ingressar no Desafio LED tornou aquela Lorena que só tinha uma ideia na cabeça em uma Lorena que vê ser possível tirar a ideia da cabeça e colocá-la adiante, de uma forma mais consistente. Nas fases eliminatórias, aprendi a fazer o canvas business, o storytelling e o protótipo do aplicativo, coisas que nem sabia que existiam. Com o prêmio, mesmo tendo ficado em quinto lugar, que valeu valor menor de investimento, pretendo ir atrás de pessoas para me guiarem sobre os próximos passos e levar adiante a construção do aplicativo. Ele, de fato, vai ajudar muitos de nós, estudantes, a reduzir gastos com os materiais de graduação e a agir de forma sustentável, com a reutilização de materiais”, avalia a estudante de Odontologia.

Conexão pesquisador-voluntário

Marcos Mion e Andressa Silva
Andressa Silva com Marcos Mion: solução para facilitar comunicação entre pesquisadores e voluntários Imagem: Reprodução | YouTube Festival LED

Andressa Silva explica que o Asdo Pesquisas foi idealizado após a realização de uma pesquisa que consistia na entrevista de participantes de um programa de cessação do tabagismo em Governador Valadares, onde cursava fisioterapia no campus avançado da UFJF. “O nosso objetivo era saber se eles realmente haviam parado de fumar ou não", conta. "Para fazer essas entrevistas, fui a todos os 40 postos de saúde do município, para tentar encontrar participantes do programa. Com isso, gastei muito tempo e dinheiro para executar a pesquisa, e, ao final, não consegui entrar em contato com todos esses participantes e ainda tive uma quantidade de respostas muito baixa”, rememora.

Após a experiência, em conversa com outros pesquisadores, a estudante entendeu que esse é um problema comum. "Percebi que, em muitas outras pesquisas, esse problema, de não conseguir entrar em contato com os voluntários, também ocorre. Então, daí veio a ideia desse projeto: desenvolver uma plataforma por meio da qual os pesquisadores poderão divulgar suas pesquisas em um único lugar. A divulgação será feita em linguagem supersimples e acessível, para que as pesquisas se tornem mais populares na sociedade”, projeta. 

Disponível em aplicativo e site, a plataforma deve facilitar a comunicação entre pesquisadores e voluntários, aumentando, assim, a eficiência da realização das pesquisas e reduzindo os custos de recrutamento de voluntários. “Quem tiver interesse em contribuir com alguma pesquisa por meio da plataforma poderá se cadastrar e participar, seja respondendo a um questionário, seja agendando um horário para ir à instituição do pesquisador”, diz.

Andressa Silva explica ainda que o resultado de uma pesquisa vai contribuir para pré-selecionar voluntários para outros estudos. Além disso, o participante vai receber notificações informando sobre a publicação do artigo científico referente à investigação da qual participou, de forma a popularizar o conhecimento científico. “A gente ainda prevê benefícios para os voluntários, como receber, de forma gratuita e segura, medicamento inovador para o tratamento de alguma doença, além do diagnóstico de condição de saúde”, pontua.

Compartilhamento de materiais 
Lorena Rocha conta que, ao ingressar no curso de Odontologia, deparou com a realidade de não conseguir arcar com os todos os custos dos insumos necessários para a formação, mesmo em uma instituição pública – realidade, segundo ela, vivenciada por muitos estudantes, que acabam abandonando a formação. "Eram listas de materiais que custavam de R$ 3 mil a R$ 6 mil por semestre. Eu não tinha condições financeiras de pagar por isso. Por sorte, tive parentes e amigos que me emprestaram o que eu precisava. Mas e aqueles estudantes que não têm essa sorte?", questiona.

Marcos Mion e Lorena Rocha
Lorena Rocha com Marcos Mion: plataforma para compartilhar materiais odontológicosImagem: Reprodução YouTube – Festival LED

Essa realidade, segundo a estudante, não é exclusiva do curso de Odontologia. "Após pesquisar na própria UFMG, percebi que há vários outros cursos que têm listas de materiais de graduação. Cursos como Artes Visuais, Música, em que o estudante tem que ter seu próprio instrumento, são alguns exemplos de formações que exigem muitos gastos dos estudantes. Muitos jovens têm apenas duas opções: ou eles se endividam ou têm que abandonar seus sonhos e sair da universidade”, contextualiza.

Foi pensando no estudante que tem o material e não usa e naquele que necessita desse material que Lorena Rocha idealizou o projeto do aplicativo que oferecerá materiais mais acessíveis, reutilizáveis, com foco na sustentabilidade. “O objetivo do Compartilhaí é facilitar o acesso aos materiais de graduação, por meio da doação, da venda e do aluguel. Nossa ideia inicial é um aplicativo destinado a estudantes das instituições públicas de Minas Gerais. No app, o estudante deverá enviar o comprovante de matrícula, para manter apenas alunos dentro da plataforma, a fim de que o espaço não se torne um market place, com a presença de empresas anunciantes. O foco do aplicativo é ser uma ponte inovadora entre os estudantes, diminuindo a evasão e ajudando os estudantes a conquistar o tão sonhado diploma de graduação. Não podemos mais ver alunos de graduação abandonando seus sonhos por causa dos custos. Com o Compartilhaí, todos vamos nos ajudar", finaliza.

Conheça os demais agraciados e suas premiações

1º e 2º lugares: R$ 85 mil

Maria Eduarda de Carvalho, 19 anos | Niterói (RJ) | Engenharia de Controle e Automação (UFRJ)
Projeto: Entre pontos
Plataforma digital que busca conectar jovens estudantes que compartilham trajetos e rotas parecidas, a fim de reduzir a vulnerabilidade nas ruas e ampliar o acesso às instituições de ensino.

Alexandre Carvalho, 30 anos | Foz do Iguaçu (PR) | Administração e Políticas Públicas (Unila)
Projeto: Townquim: sua pesquisa acadêmica como políticas públicas 
Plataforma pretende ajudar estudantes (graduação e pós-graduação) a alcançar uma inclusão produtiva. O ecossistema visa transformar produções acadêmicas em soluções práticas para os problemas públicos. Também almeja estabelecer conexões com governos, empresas e ONGs, para garantir que as pesquisas sejam aplicadas de maneira efetiva, a fim de evitar a fuga e a desistência de pesquisadores brasileiros.

3º lugar: R$ 60 mil

Eurico Volpi, 26 anos | Jaraguá do Sul (SC) | Gastronomia (Univille)
Projeto: Uni.launch
Plataforma de colaboração, troca de serviços e desenvolvimento de projetos entre estudantes, tendo como moeda de troca a validação de horas complementares.

Festival e Desafio LED
Realizado pelo Grupo Globo e pela Fundação Roberto Marinho, em parceria com a plataforma Educação 360 – Conferência Internacional de Educação, da Editora Globo, o Festival LED tem patrocínio da Invest.rio e apoio de Fundação Bradesco, Claro e Estácio. O evento integra o Movimento LED – Luz na Educação, criado pela Globo e pela Fundação Roberto Marinho. Outras informações estão disponíveis no site do projeto.

Realizado no âmbito do festival, o Desafio LED – Me dá uma luz aí! premia estudantes universitários por soluções criativas para problemas educacionais reais vividos dentro de escolas ou universidades. Os vencedores dividem um prêmio de R$ 300 mil reais.

Hugo Rafael | Com informações de Movimento LED