No mês em que a UFMG completa 95 anos de fundação, um encontro nesta terça, 13, na Faculdade de Direito celebrou a história e as memórias da Universidade. O motivo do evento foi a apresentação pública do quadro pintado por Gentil Garcez para as comemorações dos 25 anos da instituição, em 1952. 

A tela a óleo, que retrata o momento em que o presidente de Minas Gerais, Antonio Carlos, sancionou o projeto de criação da então Universidade de Minas Gerais, em 7 de setembro de 1927, está instalada no hall do Edifício Vilas Boas, um dos que compõem a sede da Faculdade de Direito. O quadro pertence ao Acervo Artístico da UFMG. 

Anfitrião do evento, o diretor da Faculdade, professor Hermes Vilchez Guerrero, citou palavras de Antonio Carlos na ocasião. “Ele disse que, ao enviar o projeto ao Poder Legislativo, lhe pareceu que ‘obedecia a uma das imposições da consciência mineira’”. A reitoria da UMG foi sediada, a princípio, na Faculdade de Direito, a mais antiga das quatro unidades – as outras são as escolas de Odontologia e Farmácia (que eram unificadas), Engenharia e Medicina – que se juntaram para formar a nova universidade. 

“É justo que essa obra esteja finalmente aqui, na Faculdade de Direito, onde sempre deveria ter estado, porque aqui é o berço e a inspiração primeira da UFMG”, disse a reitora Sandra Goulart Almeida. “O quadro está muito bem acolhido por essa faculdade, que ama a memória da instituição e de Minas Gerais.”  

Sandra ressaltou que o encontro de hoje era mais um momento de resgatar a memória e pensar no futuro. “A UFMG representa a liberdade e a luta pela democracia, ideias que surgiram com os inconfidentes e se concretizaram na nossa instituição”, afirmou. 

O quadro do paulista Gentil Garcez (1903—1992), que mede 2,50m por 1,80m, já esteve exposto no prédio da Reitoria, no campus Pampulha, e estava guardado na Biblioteca Central. Além dos 95 anos da UFMG, a transferência marca os 130 anos da Faculdade de Direito, que serão completados em 10 de dezembro deste ano. Garcez retratou políticos e intelectuais que presenciaram a cena, mas precisou imaginar a disposição deles na sala do Palácio da Liberdade, onde se deu a assinatura. Um dos presentes era Francisco Mendes Pimentel, que viria a ser o primeiro reitor da Universidade.

Autonomia
Em sua fala, Hermes Guerrero mencionou o contexto de fundação da UFMG, na década de 1920. “O governo de Antonio Carlos, que assumiu em 1926, tinha forte compromisso com a educação, e um de seus planos mais relevantes era a criação de uma universidade. Ele trocou as oligarquias pelas elites intelectuais na composição de sua equipe, fez uma reforma pedagógica, valorizou a cultura, os esportes e a liberdade de imprensa”, enumerou o diretor.  

Guerrero abordou a criação de cada uma das faculdades que se juntaram em 1927 e destacou que a ideia era logo incorporar outros institutos. “Houve desde sempre a consciência de que a UFMG tinha muito a crescer, e isso deveria ser feito com a defesa da autonomia acadêmica, financeira e administrativa”, disse o professor, que exaltou a atuação do então reitor Mendes Pimentel. Guerrero agradeceu àqueles que “plantaram a semente”. “Essa é mesmo a missão da Universidade, plantar as sementes e colher os frutos”, completou.

A diretora do Espaço Acervo Artístico UFMG, Giulia Giovani, que é professora da Escola de Belas Artes, falou brevemente do quadro de Gentil Garcez – que ao longo das décadas fez outras pinturas para a Universidade – e do acervo, que tem cerca de 1.700 obras, dos mais diversos gêneros.  

O evento teve a presença também do vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, do pró-reitor de Cultura, Fernando Mencarelli, da vice-diretora da Faculdade de Direito, Mônica Sette Lopes, da diretora da Faculdade de Medicina, Alamanda Kfoury, da vice-diretora da Unidade, Cristina Alvim, e do diretor da Escola de Engenharia, Cícero Starling.  

A Faculdade reuniu hoje sua própria comunidade – estudantes, professores e técnicos, ativos e aposentados – e recebeu também ex-alunos, desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, membros do Ministério Público Federal e do MPMG, procuradores do município de Belo Horizonte, advogados e advogadas.