Biblioteca Central recebe atividade sobre empoderamento feminino e alfabetização
Projeto de extensão da Escola de Ciência da Informação reuniu, no Espaço de Leitura, 12 adolescentes de escola estadual da região da Pampulha
Com oficinas sobre empoderamento feminino, literatura afro-brasileira e africana, biblioterapia, poesia e produção de fanzine, o Espaço de Leitura da Biblioteca Central (BC) abrigou atividades dos módulos do Programa de Alfabetização Digital, Informacional, Midiática e Literária de Adolescentes Mulheres em Moçambique e Brasil (Padim).
A iniciativa de extensão, que é inspirada em projeto de alfabetização de meninas moçambicanas, reuniu 12 adolescentes de 15 e 16 anos que estudam na Escola Estadual Deputado Manoel Costa, localizada no Bairro Céu Azul, região da Pampulha. O encerramento da formação ocorreu no início deste mês, na Escola de Ciência da Informação (ECI).
A atividade foi ministrada em 12 encontros, distribuídos em quatro módulos: Alfabetização digital, Alfabetização em mídias e em informação, Empoderamento feminino e Alfabetização literária. Os dois últimos módulos foram realizados no Espaço de Leitura. “Esse lugar evoca o que é esperado de uma biblioteca na atualidade: um ambiente plural, inclusivo, que combina organização, acolhimento, cultura, lazer, estudo e identificação por parte do usuário. Para a maioria das alunas, foi a primeira vez em uma biblioteca com essa estrutura da qual puderam se sentir parte, quebrando a estigmatização de que bibliotecas são espaços ‘sisudos’, fechados, restritos ao estudo, ao silêncio e a determinados tipos de pessoas”, avaliou a professora da ECI Ana Paula Meneses, coordenadora do programa.
Obras raras e as mulheres
No âmbito do tema do empoderamento feminino, a bibliotecária Diná Araújo apresentou obras raras e especiais do Sistema de Bibliotecas para abordar a condição feminina e a história das mulheres. Foram escolhidos, para a atividade, um manuscrito de Santa Teresa D’Ávila, publicado no século 18, intitulado Obras da gloriosa madre Santa Teresa de Jesus – ela liderou a renovação espiritual da Ordem Carmelita, no século 16 –, e um verbete da Enciclopédie, também do século 18, que trata da mulher escritora.
“Tentei contextualizar os dois livros mostrando as histórias e o que nelas se relaciona ou não com a realidade atual do Brasil. Foi uma experiência mais sensível, de observar a materialidade do livro antigo. Enquanto manuseavam a obra de Santa Teresa, contei para as estudantes como ela foi importante, para além das questões religiosas, como uma mulher que transitou no campo da Filosofia e teve impacto significativo na educação de outras mulheres, mesmo que restrita àquelas pertencentes a uma classe economicamente privilegiada. E, ao mostrar o verbete da Enciclopédie, apresentei uma visão do século 18 sobre a participação das mulheres no mundo da escrita que seria notadamente considerada machista atualmente”, discorreu Diná.
Ainda com o intuito de trabalhar o tema do empoderamento feminino, o grupo de estudantes foi recebido pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida. “As meninas tiveram oportunidade de fazer perguntas sobre a trajetória da professora Sandra até chegar à Reitoria da UFMG e sobre as dificuldades que uma mulher pode enfrentar para se consolidar nessa posição”, informou Ana Paula Meneses.
Literatura afro
No módulo de alfabetização literária, Wellington Marçal de Carvalho, vice-diretor da Biblioteca Universitária, ministrou uma das oficinas sobre literatura afro-brasileira e africana. “Mostrei algumas fontes de informação para as alunas, principalmente o Portal Literafro, da Faculdade de Letras, que está completando 20 anos. Ressaltei, sobretudo, a aba de escritores e escritoras e o projeto Literáfricas, uma aba nova no portal onde encontramos informações sobre a literatura de cinco países africanos de língua portuguesa: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
Ao fim da oficina, as alunas fizeram uma adaptação do programa literário No ritmo da lombada, veiculado em 2017 pela Rádio UFMG Educativa com coprodução da jornalista Carla Pedrosa, do Sistema de Bibliotecas. As adolescentes produziram episódios sobre a escritora moçambicana Paulina Chiziane e as autoras afro-brasileiras Conceição Evaristo e Lílian Paula Serra e Deus.