Com a coletânea 'Narrativas impuras', Eneida Maria de Souza revisita o Modernismo
Livro da professora emérita da Fale reúne ensaios sobre Mário de Andrade, expoente do movimento
Na esteira das reflexões sobre o Modernismo brasileiro, cujo centenário será comemorado em 2022, a professora Eneida Maria de Souza, emérita da Faculdade de Letras da UFMG, está lançando a coletânea de ensaios Narrativas impuras. A docente é especialista na obra de Mário de Andrade, uma das principais referências do movimento marcado pela Semana de Arte Moderna.
Publicado pela Cepe Editora, Narrativas impuras será apresentado ao público mineiro às 11h deste sábado, dia 6 de novembro, na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi), quando a autora vai autografar exemplares da obra. O livro impresso será vendido a R$ 60, e o e-book, a R$ 18.
Revisão crítica
Como enfatiza a professora, o ano de 2022 deverá ser um marco para a cultura brasileira, uma vez que ensejará uma série de análises e revisões sobre o movimento modernista. “A publicação de Narrativas impuras reflete os meus vínculos com os princípios do Modernismo e também com sua revisão crítica”, observa Eneida de Souza.
O livro reúne parte representativa da produção da autora ao longo dos últimos 20 anos. “As ideias surgem e desaparecem rapidamente no meio acadêmico, contaminadas pela insurgência do novo e pelo apelo das redes sociais. É um desafio entregar aos leitores os ensaios produzidos ao longo de duas décadas”, reflete a autora.
O lugar de Mário de Andrade na cultura brasileira, como afirma Eneida Maria de Souza, é o da valorização da arte popular e da diluição da fronteira entre formas eruditas e populares. Segundo a autora, sua obra reúne análises sobre textos literários e discussões sobre cultura popular. "Sinto-me muito próxima do empenho de Mário de Andrade em valorizar a cultura popular em suas mais variadas formas”, comenta.
O primeiro capítulo, Modernismo centenário, visita o imaginário de Mário de Andrade relativo às discussões sobre crítica literária, construção poética, viagens, estilo de vida e prática da apropriação e do plágio. A reflexão sobre a crítica cultural motiva os ensaios do segundo fractal, Margens culturais, em que são explorados, entre outros temas, o ritual de trabalho como formador ideológico e a influência das cidades na construção de paradigmas interpretativos da contemporaneidade.
Ideias decorrentes da ruptura com o raciocínio binário e com a ordem cronológica dos acontecimentos são registradas nos artigos da terceira parte do livro, Sobrevivências. No quarto capítulo, Reconfigurações narrativas, a autora expõe sua trajetória teórica e crítica, com o propósito de "assumir a correspondência inevitável entre experiência pessoal e desempenho profissional".
“Movida pelo desejo de pontuar lugares críticos e redefinições interpretativas, convido os leitores à apreciação negativa ou positiva de uma experiência que não se impõe de forma individual, mas como resultado de trocas entre pesquisadores de minha geração e das mais recentes”, conclama Eneida Maria de Souza.
A autora falou sobre a obra em entrevista ao programa Universo literário, da Rádio UFMG Educativa, que foi ao ar nesta quinta-feira, dia 4.
Sobre a autora
Eneida Maria de Souza é professora titular em Teoria da Literatura e emérita da UFMG. É graduada em Letras pela UFMG (1966), mestre em Literatura Brasileira pela PUC-Rio (1975) e doutora em Literatura Comparada pela Universidade de Paris (1982).
A relação da professora com a obra de Mário de Andrade é materializada na maior parte de suas pesquisas. Sua tese de doutorado teve como tema o livro Macunaíma, a mais importante realização da primeira fase do Modernismo. A tese resultou no livro A pedra mágica do discurso, publicado em 1988.
A professora também é autora de Crítica cult, Pedro Nava – o risco da memória, Tempo de pós-critica, O século de Borges, Correspondência – Mário de Andrade & Henriqueta Lisboa, Ensaios de crítica biográfica e Modernidade toda prosa (este em coautoria).