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Impacto da pandemia sobre as classes econômicas foi variado, dizem pesquisadores

Programa ‘Outra estação’, da Rádio UFMG Educativa, aborda o aumento da desigualdade no país

Quase 60% dos domicílios brasileiros estavam com um grau de insegurança alimentar o fim do ano passado
Quase 60% dos domicílios brasileiros estavam em situação de insegurança alimentar no fim do ano passado Michael Burrows I Pexels

A pandemia de covid-19 causou desaceleração global das atividades econômicas e, de modo geral, redução nas rendas das famílias, mas seus impactos sobre as diversas classes socioeconômicas têm variado. No Brasil, quem sofreu e continua sofrendo mais é a população mais pobre, que chega a enfrentar a falta de comida. O episódio 73 do Outra estação, da Rádio UFMG Educativa, aborda os diferentes efeitos da pandemia sobre a população, principalmente as famílias de renda mais baixa. O programa mostra que a distribuição populacional entre as classes foi alterada, segundo alguns estudos. A reportagem fala, também, sobre as medidas necessárias para que as consequências econômicas negativas da pandemia sejam combatidas nos próximos meses e anos.

O Outra estação entrevistou dois economistas: Débora Freire, professora do Departamento de Ciências Econômicas da UFMG e pesquisadora do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade, e Marcelo Neri, diretor da FGV Social, órgão da Fundação Getúlio Vargas. O tema do aumento da insegurança alimentar durante a pandemia foi abordado em conversa com a nutricionista Melissa Araújo, coordenadora da Comissão Permanente de Direito Humano à Alimentação Adequada do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas Gerais (Consea-MG). Melissa também é pesquisadora do Grupo de Estudos, Pesquisas e Práticas em Ambiente Alimentar e Saúde, vinculado à UFMG.


Crescimento da desigualdade e da fome
Ao mostrar que a distribuição demográfica entre as classes foi alterada no Brasil, o primeiro bloco do Outra estação explica os motivos por que a pandemia ampliou a distância entre os estratos socioeconômicos mais baixos e o topo da pirâmide. Os mais pobres foram prejudicados, inclusive, por perdas sofridas pela classe média. Débora Freire e Marcelo Neri avaliam que o auxílio emergencial concedido pelo governo federal, apesar de ter gerado benefícios expressivos, deveria ter sido mais bem gerido.

Por sua vez, Melissa Araújo apresenta e comenta dados de uma pesquisa que revelou quadro grave de insegurança alimentar no país durante a pandemia. O estudo foi realizado por grupos da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, da Universidade de Brasília e da UFMG. A pesquisadora ressalta que a quantidade de pessoas com insegurança alimentar no Brasil já vinha crescendo antes da pandemia. Ela critica o que classifica como “desmonte de políticas públicas” relacionadas à segurança alimentar e nutricional.

Pedro Augusto dos Santos: com a pandemia, contas ficaram atrasadas
Pedro dos Santos: com a pandemia, contas ficaram atrasadas Aqruivo pessoal


Como reverter os efeitos negativos da pandemia?
O segundo bloco aborda o fato de que, antes de a covid-19 chegar ao Brasil, a economia nacional estava fragilizada e a desigualdade social já vinha se agravando. O programa conta a história de Pedro Augusto dos Santos, que tem 39 anos e está desempregado. Durante a pandemia, Pedro e a família enfrentaram várias dificuldades financeiras e até sofreram com a falta de alimentação. A situação foi pior no começo de 2021, quando o pagamento do auxílio emergencial foi interrompido pelo governo federal.

Débora Freire e Marcelo Neri indicam algumas medidas que poderiam mitigar os impactos negativos da pandemia e que deveriam ser implementadas pelo poder público. Neri considera que apenas políticas de transferência de renda, como a ampliação do Bolsa Família, não serão suficientes para solucionar os problemas decorrentes da pandemia. Os dois especialistas concordam que a vacinação em massa da população é um fator decisivo para a recuperação da economia.

Para saber mais

Matéria publicada pelo Portal UFMG sobre a pesquisa sobre insegurança alimentar no Brasil durante a pandemia 

Produção

O episódio 73 do programa Outra estação é apresentado por Beatriz Kalil. A produção é de Arthur Bugre, Filipe Guedes e Tiago de Holanda. Os trabalhos técnicos são de Breno Rodrigues. A coordenação de jornalismo da Rádio UFMG Educativa é de Paula Alkmim. 

Na segunda temporada, a atração vai ao ar às quintas, quinzenalmente, às 18h, com reprise às sextas, às 7h, pela frequência 104,5 FM. Em cada episódio, o programa aborda um tema de interesse social. Todos os episódios estão disponíveis nos aplicativos de podcast, como o Spotify.