Pesquisa e Inovação

Competição entre abelhas pode afetar população de espécies nativas

'Aqui tem ciência', da Rádio UFMG Educativa, focaliza tese sobre a dinâmica de polinização de árvores da família das mirtáceas

Competição entre abelhas: à esquerda, espécie noturna/crepuscular Megalopta amoena e à direita a Apis mellifera
Competição entre abelhas: à esquerda, espécie noturna/crepuscular 'Megalopta amoena' e à direita, a 'Apis mellifera'Fernanda Figueiredo de Araújo | UFMG

As mirtáceas são uma família de árvores que inclui desde jabuticabeiras, goiabeiras e pés de jambo até os eucaliptos e o cravo-da-índia. Essas plantas abrem suas flores de uma única vez, geralmente no começo da manhã, com o objetivo de atrair animais polinizadores, como as abelhas. 

Mirtáceas e abelhas têm uma relação de mutualismo, ou seja, as duas espécies se beneficiam da polinização. Enquanto as abelhas coletam o pólen das flores para alimentar suas larvas, o deslocamento dos insetos promove a reprodução das árvores. O gameta masculino da planta fica dentro do grão de pólen. Quando a abelha pousa de flor em flor, leva o gameta de uma árvore para outra. 

Em sua tese de doutorado, defendida no Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, a pesquisadora Fernanda Figueiredo de Araújo estudou a relação entre algumas espécies de abelhas e mirtáceas encontradas no Brasil e entre as próprias abelhas, as nativas e também uma espécie introduzida na apifauna brasileira, a Apis mellifera, conhecida como abelha do mel ou africanizada. 

Fernanda Figueiredo de Araújo estudou a relação entre espécies de abelhas polinizadoras das mirtáceas
Fernanda Figueiredo de Araújo estudou a relação entre espécies de abelhas polinizadoras das mirtáceas Acervo pessoal

A pesquisadora usou uma tela que impedia a abelha do mel de pousar nas flores para testar se isso fazia com que outras abelhas capturassem mais pólen, especialmente espécies solitárias como as abelhas crepusculares, ou noturnas. A conclusão da pesquisa atesta que, de fato, a presença da abelha do mel diminui a quantidade de pólen coletada por outras espécies. Entre as possíveis consequências desse fenômeno, está a diminuição da população de abelhas nativas. No entanto, a autora esclarece que mais estudos precisam ser feitos para confirmar essa hipótese.

Ouça o episódio:


Raio-x da pesquisa

Tese: A competição de abelhas noturnas, abelhas do mel e abelhas sem ferrão pelo polén de plantas de floração maciça

O que é: tese de doutorado sobre a coleta de pólen de árvores da família das mirtáceas por abelhas encontradas no Brasil. A pesquisadora buscou entender, especialmente, como o comportamento de uma espécie introduzida no país, a Apis mellifera, afeta as espécies nativas. A conclusão é que a alta eficiência da Apis mellifera na polinização diminui a quantidade de pólen disponível para as outras espécies.

Pesquisadora: Fernanda Figueiredo de Araújo
Programa de Pós-graduação: Biologia Vegetal
Orientador: Clemens Schlindwein
Coorientador: Adriano Valentin-Silva
Ano da defesa: 2021
Financiamento: Capes, CNPq e Fapemig

O episódio 121 do programa Aqui tem ciência tem produção e apresentação de Joabe Andrade, edição de Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá.

O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos da UFMG e busca abranger todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da emissora apresenta os resultados de um trabalho de pesquisa desenvolvido na Universidade.

Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast, como o Spotify, e vai ao ar na frequência 104,5 FM, que cobre a Região Metropolitana de BH, e no site da emissora, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.