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Coronavírus evidencia desigualdades educacionais aprofundadas com a República

Na segunda reportagem sobre os 300 anos da educação em Minas, pesquisadores analisam o ensino na República, dos anos iniciais até a chegada da pandemia

Prédio escola de Lagoa da Prata no século XX
Prédio de escola em Lagoa da Prata, na região Oeste de Minas, no século 20Arquivo Público Mineiro

Do Brasil colônia até a república, passando pelo império, a história da educação em Minas, ao longo dos 300 anos do estado, pode ser contada também como a história da luta por mais igualdade no acesso ao ensino. A primeira reportagem, veiculada nesta segunda-feira, mostrou como uma série de entraves impediu, nos nossos primeiros anos, que grupos como as mulheres, os negros e a população mais pobre pudessem usufruir do direito à escola, como a cultura escravista e machista da época. 

Na segunda reportagem, o foco é o período republicano, dos anos iniciais até os desafios impostos pela pandemia do coronavírus. Os entrevistados são a professora Cynthia Greive Veiga, da Faculdade de Educação da UFMG, e Carlos Henrique de Carvalho, pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da Universidade de Uberlândia e um dos organizadores da trilogia História da educação em Minas Gerais: da Colônia à República, junto com o professor da UFMG Luciano Mendes.

Carlos Henrique de Carvalho também destaca na reportagem as desigualdades regionais na educação em Minas
Carlos Henrique de Carvalho destaca na reportagem as desigualdades regionais na educação em Minas Arquivo pessoal

Com o início do período republicano, ocorreram mudanças na educação em Minas. Um dos destaques é a reforma implementada pelo governo de João Pinheiro. Em 1907, ele deu início a criação dos grupos escolares e a seriação do ensino, ou seja, a divisão dos alunos por nível de aprendizagem e idade. Mas nem todos tinham acesso ao ensino de qualidade dos grupos escolares. Nos anos que se seguiram, as desigualdades educacionais foram se aprofundando. Outro fator que contribuiu para isso foi a migração das classes média e alta para o ensino privado, o que se acentuou ainda mais com a ditadura militar de 1964.

É em um cenário já marcado desigualdades e assimetrias que surge um novo problema: o coronavírus. A suspensão das aulas no início do ano, para impedir o alastramento da doença, e a adoção posterior do ensino remoto, de forma ainda muito precária, evidenciaram ainda mais nossos problemas históricos, colocando imensos desafios para os gestores nos próximos anos.

Ouça a reportagem produzida por Breno Benevides

 Ouça a reportagem produzida por Breno Benevides

Amanhã, às 11h20, a série de reportagens sobre os 300 anos de Minas conta a história da representação política no estado.