Arte e Cultura

Do bosque à lona da praça: brincadeiras e histórias animam o público em mais um domingo no campus Pampulha

Crianças entraram na arena após o espetáculo, para interagir com artistas e objetos
Crianças entraram na arena após o espetáculo, para interagir com artistas e objetos Zirlene Lemos / UFMG

Todo mundo vai aprender a cantar? Você aceita uma poesia? Era assim que as irmãs Águida e Eri Alves, da Cia. Um Pé de Conto, introduziam os números do espetáculo de contação de histórias sob a lona da Praça de Serviços do campus Pampulha. E adultos e crianças que encheram os degraus de arquibancada aceitaram o convite com entusiasmo, ouvindo com atenção, cantando e batendo palmas. Outras propostas foram muito bem aceitas também no bosque da Escola de Música, espaço reservado para esporte e brincadeiras, e no pátio próximo ao gramado da Reitoria, onde a ideia era aprender a pedalar.

Mais uma vez o público aprovou, com presença e entusiasmo, a iniciativa da UFMG de abrir o campus Pampulha, considerado um dos mais bonitos e agradáveis do país, para manhãs de lazer. Pelo menos 800 pessoas circularam pelo local neste domingo, 4. “O campus é um patrimônio que deve estar cada vez mais aberto à população. É uma excelente oportunidade de as pessoas se aproximarem da Universidade. Para nossa satisfação, o evento se consolida como parte do calendário da cidade”, disse a vice-reitora Sandra Goulart Almeida, mais uma vez presente.

Havia gente no campus já antes das 9 horas, quando estava previsto o início das atividades. Alunos do Teatro Universitário que formam o coletivo Vertente Corpo Es’passo começaram cedo e juntaram um grupo, no gramado da Reitoria, para movimentos de aquecimento e alongamento. Mais tarde, orientaram performances que misturaram dança, teatro e circo.

Estreia no pedal
Assim que os voluntários do grupo Bike Anjo abriram seus trabalhos, Denise Castro, servidora do Instituto de Ciências Exatas da UFMG, subiu numa bicicleta para sua primeira experiência. Foi sua estreia também no Domingo no Campus. “Estou me esforçando, mas na hora de parar, em vez de frear, eu grito”, confessou Denise, que levou as sobrinhas. O instrutor Javer informou que o objetivo das primeiras voltas é tirar o medo e que é comum que as pessoas se animem a continuar treinando depois da estreia.

Voluntário do grupo Bike Anjo com servidora Denise Castro
Voluntário do grupo Bike Anjo com servidora Denise Castro Zirlene Lemos / UFMG

Perto dali, Heitor, de 5 anos, lidava sem sustos com sua pequena bicicleta, já sem as rodinhas. Interessado também na sessão de contação de histórias, ele estava acompanhado do pai, Gladstone, e da mãe, Gislene. “Estamos gostando dessa nova possibilidade de sair de casa num dia bonito e descansar ao ar livre”, ela comentou.

Uma dupla de pai e filho fez uma opção original: João Aristides, professor da Faculdade de Ciências Econômicas, e João Vitor, 12 anos, jogavam badminton, no gramado da Reitoria, e tinham também bolas para futebol e vôlei. “É a segunda vez que venho com a família”, contou o professor, antes de voltar às raquetadas. A esposa e a filha, que tenta ingressar no Coltec, passeavam pelo campus.

Pai e filho jogam badminton
Pai e filho jogam badminton Zirlene Lemos / UFMG

A linha e a bolha
O bosque da Escola de Música abrigou atividades muito diferentes ao longo da manhã, desde oficinas organizadas pelo Programa Educação Física e Lazer da UFMG até brincadeiras feitas pelos próprios visitantes. As famílias eram maioria, mas houve também quem aproveitasse o domingo de sol para reunir os amigos, como Natalia, estudante de Museologia que comemorava seu aniversário à sombra de uma árvore, com direito a piquenique completo. Também não faltaram cachorros e seus donos, que só queriam passear.

Slackline, esporte que exige equilíbrio sobre uma fita suspensa
Slackline, esporte que exige equilíbrio sobre uma fita suspensa Zirlene Lemos / UFMG

O slackline, esporte que exige equilíbrio sobre uma fita suspensa, foi uma das atividades mais concorridas: a fila foi compartilhada por crianças de todas as idades, jovens e adultos que se aventuravam a andar na linha, literalmente. Daniel, aluno do 4º período de Farmácia, subiu pela primeira vez na fita, deu duas voltas com apoio da instrutora e logo voltou para a fila. O universitário ainda pretendia aproveitar mais atrações e já havia se decidido a voltar nas próximas edições do evento.

Na oficina de bolha gigante, o vento ajudou a espalhar as bolas de sabão feitas por crianças e adultos que, acompanhando seus filhos, não se furtaram à brincadeira. As monitoras diziam que a atividade estava “bombando”, enquanto se desdobravam para preparar a mistura de água e sabão, cordões e palitos extras para os participantes.

Uma das entusiastas da bolha de sabão gigante era a filha de Sandra, graduanda em Pedagogia na UFMG e frequentadora assídua do Domingo no campus. Para ela, o evento propicia mais entrosamento com os próprios colegas do curso, em ambiente mais descontraído e longe das obrigações acadêmicas. A aluna da FaE elogiou a segurança e a estrutura do evento, bem como a importância de iniciativas como esta para o público externo. “A comunidade mais próxima não tem noção de que pode entrar, de que pode aproveitar o espaço e a estrutura daqui. Podia ser mensal”, sugeriu.

Contação de histórias
Contação de histórias Zirlene Lemos / UFMG

Música para embalar
“Estou passada com o tamanho e a participação do público”, disse a contadora de histórias Eri Alves, visivelmente alegre e emocionada, ao fim do espetáculo. O repertório extraído da tradição oral brasileira foi encomendado pela equipe do Espaço de Leitura da Biblioteca Central. E quase todos os contos foram embalados por música. “A música tira as pessoas da postura mais quieta e, ao mesmo tempo, mantém as crianças ligadas, porque elas querem memorizar os versos”, explicou Eri. A apresentação contou com a participação dos jovens integrantes do grupo Arautos da Poesia.

Na plateia, o bebê Felipe se divertia a seu modo, estimulado pelo irmão, Pedro, e pelos pais, o fonoaudiólogo Daniel e a gerente comercial Lubelle. “É nossa primeira vez, e adoramos. Apesar da diferença de idade, os dois estão aproveitando muito. O mais velho está gostando de deixar o tablet de lado para passar a manhã ao ar livre”, disse Lubelle, que mora com a família na região da Pampulha.

A família do Pedro e do Felipe, sem vínculo com a UFMG, integra o público que a Universidade quer trazer para seus espaços. “Queremos juntar pessoas de contextos distintos e também de todas as idades. A cada domingo, variamos a programação para atender especialmente a idosos ou crianças. Temos constatado que o público está atento, por meio de manifestações nas redes sociais, por exemplo. E o objetivo é também integrar a comunidade interna e lançar mão de parcerias com grupos daqui, como os alunos do TU e o Espaço de Leitura”, afirmou a pró-reitora adjunta de Extensão, Claudia Mayorga.

A vice-reitora Sandra Almeida lembrou que o Domingo no campus está afinado com a filosofia que rege as comemorações dos 90 anos da UFMG, que terão início nesta semana e prosseguirão até setembro de 2017. “Essa programação é mais um presente da Universidade para a cidade, e o público, por sua vez, presenteia a Instituição com sua participação".

A TV UFMG também acompanhou mais esta edição do evento. Assista à reportagem: https://www.facebook.com/tvufm...

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