Douglas Attila, da Fafich, lança obra sobre a ‘morte como metáfora do tempo’
Professor do Departamento de História investiga a prática ensaística do filósofo português Eduardo Lourenço e do intelectual francês Michel de Certeau
Douglas Attila Marcelino, professor do Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), acaba de publicar pela editora Fino Traço o livro A morte como metáfora do tempo: o ensaio em Eduardo Lourenço e Michel de Certeau. O autor e sua editora farão um lançamento virtual da obra nesta segunda, 3, às 18h, com transmissão pelo canal da Fino Traço no YouTube. O evento terá a participação de Francisco Regis Lopes Ramos, professor do Departamento de História da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Bolsista de produtividade do CNPq, mestre e doutor em história social e professor de teoria da história e de historiografia, Douglas Attila Marcelino é autor, entre outros, de O corpo da Nova República: funerais de presidentes, representação histórica e imaginário político (FGV, 2015) e Historiador, fotógrafo da morte: a escrita da história a partir de cinco filmes (Fino Traço, 2021). Suas pesquisas, no mais das vezes, avançam na investigação das relações entre a morte, o luto e a historiografia, intercalando conhecimentos dos campos da história, da psicanálise, da antropologia e de artes diversas, como a literatura e a fotografia.
O livro
A morte como metáfora do tempo é uma obra composta de dois ensaios autônomos, que examinam as relações entre morte, tempo, metáfora e ensaio na obra de Eduardo Lourenço (1923-2020) e de Michel de Certeau (1925-1986), dois dos principais pensadores contemporâneos, tendo como preocupação central a escrita da história.
Lourenço e Certeau escreviam de lugares diferentes, com ênfases distintas, mas compartilhavam, conforme anota-se na orelha do volume, “o gosto pela psicanálise e pela ficção, a crítica aos sistemas filosóficos racionalistas e totalizantes, uma enorme capacidade expressiva de uso das imagens, das figuras, das metáforas, conformando uma escrita de acentuada carga poética, que assumiu diretamente ou tangenciou o gênero do ensaio”. De comum, seus escritos retomavam com frequência o problema da morte e do tempo como origem da própria escrita.
“Heréticos em suas relações com o religioso, valorizando a mística (com ou sem fé), ambos ressaltaram o caráter incompleto, aberto, interminável, inconcluso de suas escritas, sempre carregadas de páthos, com teor provisório e experimental”, destaca o paratexto. É, também, de forma ensaísta – e, portanto, experimental – que o livro de Douglas Attila adota a morte como fio condutor da reflexão sobre o ensaio nos escritos desses dois autores.
Ao introduzir o volume, Felipe Charbel, professor de Teoria da História na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), demarca que Eduardo Lourenço e Michel de Certeau, embora fossem contemporâneos, não se conheceram pessoalmente e não se citavam. Nesse sentido, a “conversa” que é engendrada entre os dois pelo livro de Douglas Attila é fruto da “ousadia” e do “gosto evidente pela experimentação” do autor – características, registre-se, também tradicionais do gênero ensaio.
“É precisamente disto que trata este A morte como metáfora do tempo: de mundos diferentes, feitos de palavras, mas que se conectam pela maneira como os seus criadores olham para os fenômenos da realidade – dois universos literários que se tocam justamente na atitude ensaística, que é marca tanto dos escritos de Eduardo Lourenço como dos de Michel de Certeau”, escreve Felipe Charbel.
Livro: A morte como metáfora do tempo: o ensaio em Eduardo Lourenço e Michel de Certeau
Autor: Douglas Attila Marcelino
Editora: Fino Traço
174 páginas / R$ 69,90
Lançamento: Sábado, 3, às 18h, no canal da editora no YouTube