Pesquisa e Inovação

Em dois seminários na UFMG, filósofa norte-americana vai abordar a questão da identidade pessoal

Marya Schechtman: teorias que aliam aspectos biológicos, psicológicos e sociais
Marya Schechtman: teorias que aliam aspectos biológicos, psicológicos e sociais Universidade do Alabama

O que é ser uma pessoa? E o que é continuar sendo uma mesma pessoa? As questões, que permeiam discussões éticas fundamentais, como as que orbitam a eutanásia e o aborto, serão apresentadas pela filósofa americana Marya Schechtman em dois seminários, nos dias 1º e 2 de junho, no bloco de auditórios da Face. Os eventos terão início às 14h.

Professora da Universidade de Illinois em Chicago (EUA), Marya Schechtman está envolvida há mais de 20 anos no debate sobre a questão da identidade pessoal. Em 1996, ela publicou The constitution of selves, livro em que defende a ideia de que a identidade pessoal está ligada à capacidade do indivíduo de narrar a própria vida. Em Staying alive: personal identity, practical concerns and the unity of a life, de 2014, ela ampliou os critérios para a definição de pessoa, adotando perspectiva que ela denomina “abordagem da vida da pessoa” – ou seja, ela propõe pensar a identidade em termos da unidade de uma forma de vida. Atualmente, a pesquisadora prefere chamar sua teoria de “antropológica”.

No primeiro seminário (Practice and identity: anthropological account of personal identity), Schechtman vai apresentar sua visão, que considera aspectos biológicos, psicológicos e sociais para a definição de identidade, contrapondo-se, por exemplo, aos argumentos do Animalismo, corrente que relaciona a identidade basicamente à existência orgânica.

Contribuição
Em sua segunda exposição (Agency and endurance), Marya Schechtman vai retomar aspectos do debate que tem mantido com o filósofo britânico Galen Strawson, da Universidade do Texas (EUA). Radicalmente antinarrativista, Strawson sustenta que a vida é feita de momentos, uma vez que o eu é “episódico” – presente, passado e futuro não importam muito – e que as narrativas são muito ficcionais e discrepantes em épocas diferentes e não têm valor moral. Schechtman acredita que a identidade está vinculada também à ideia de continuidade temporal da experiência.

Anfitriã da pesquisadora americana, a professora Telma Birchal, do Departamento de Filosofia, afirma que o trabalho de Schechtman pode oferecer contribuição importante para os debates sobre bioética. “Ela discute muito bem a questão dos critérios para se estabelecer o conceito de pessoa. Para Marya Schechtman, há bases objetivas. É um conceito cultural, mas não arbitrário”, diz Telma Birchal.

Os seminários, que serão ministrados em inglês, são promovidos pelo Programa de Pós-graduação em Filosofia e pelo Centro de Pós-graduação e Pesquisas em Administração (Cepead).