Pesquisa e Inovação

Estudo busca compreender como vivem as pessoas com deficiência em BH

Levantamento da UFMG abrangerá as dimensões do autocuidado, do lazer e do trabalho

Pesquisa pode contribuir para tirar as pessoas com deficiência da invisibilidade
Pesquisa pode lançar luz sobre questões do cotidiano das pessoas com deficiênciaFlickr / PBH

Quem são as pessoas com deficiência em Belo Horizonte? Quais as dificuldades e necessidades? Quais atividades de lazer praticam? A busca por essas e outras respostas impulsionou pesquisadores da Faculdade de Medicina e da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG, assim como da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), a desenvolver pesquisa inédita para compreender o desempenho ocupacional dessas pessoas.

Com início neste mês, o estudo tem o objetivo de compreender os fatores que influenciam a participação e a restrição nas atividades cotidianas das pessoas com deficiência visual, auditiva e motora, totais e parciais. Para isso, serão avaliadas três áreas ocupacionais: autocuidado, lazer e trabalho. A ideia da pesquisa é jogar luz sobre questões que mascaram o universo no qual estão inseridas.

“Hoje nós temos uma noção, mas falta uma pesquisa de vulto feita nesse sentido. O que existe está relacionado com a saúde mental ou abrange apenas a dimensão auditiva”, exemplifica o professor Ricardo Alexandre de Souza, do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina.

Questionários com questões objetivas e subjetivas serão aplicados a pessoas com deficiência das nove regionais de Belo Horizonte. Por meio das entrevistas, serão analisadas suas condições socioeconômicas, os locais onde vivem, a vida em família e em comunidade e suas práticas de lazer. Também será verificado se elas têm as mesmas oportunidades de satisfação social que pessoas sem deficiência.

“Muitas pessoas com deficiências restringem sua vida a ir a uma unidade de saúde e voltar para casa, muitas vezes acompanhadas da mãe. Queremos saber por que isso acontece, ou se acontecem outras coisas, e se eles conseguem solucionar problemas que nós desconhecemos”, explica a professora do Departamento de Terapia Ocupacional da EEFFTO Cristiane Miryam Drumond de Brito.

Cronograma
As entrevistas começam neste mês, e a intenção do grupo é convidar, inicialmente, mais 1,5 mil pessoas até chegar a um grupo definitivo de 500 participantes. Os questionários serão aplicados por cerca de 10 voluntários – estima-se um tempo médio de 30 minutos de aplicação. Interessados em fazer parte do estudo podem se cadastrar por meio do telefone 9 9514-0567 (WhatsApp)

O levantamento de dados deverá ser concluído até meados de agosto. Os passos seguintes da pesquisa são a análise descritiva e o cruzamento dos dados apurados.

Em evidência
Para a professora Cristiane Drumond, a pesquisa deverá revelar, em detalhes, a situação de invisibilidade de uma parcela significativa da população da capital mineira. “É uma população que está escondida. Portanto, colocá-las em evidência é também colocar suas necessidades em evidência. E o que for proposto para Belo Horizonte talvez possa ser aplicado em outras cidades do país”, analisa.

A coleta de dados está sendo bancada pelos próprios pesquisadores, incluindo o transporte dos entrevistadores. Por isso, o grupo também busca apoio financeiro ou qualquer outro tipo de recurso. “Vamos aproveitar nossas férias para fazer essa pesquisa e estamos abertos a qualquer tipo de apoio”, afirma o professor Ricardo Alexandre de Souza.

A BH-Trans apoia o trabalho, enviando cartas aos possíveis participantes e cedendo sua base de dados.

Karla Scarmigliat / Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina