Ensino

Evento na Face discute empreendedorismo negro

Maioria dos micro e pequenos empresários se declararam pretos ou pardos em pesquisa

Danielly Mendes:
Maioria dos empreendedores negros brasileiros conta apenas com sua própria força de trabalho Heloisa Ballarine / Secom-SP / Fotos Públicas

Black money é uma expressão relacionada à geração de riqueza proporcionada por atividades desenvolvidas por empreendedores negros. De origem estadunidense, o termo traduz atividades pautadas por uma agenda racial. Nesta terça-feira, 13, o Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade (Neos), da Faculdade de Ciências Econômicas, promoverá a roda de conversa Black money e mercado de trabalho. Participarão do debate as pesquisadoras Ana Flávia Rezende, Danielly Mendes dos Santos e Elisângela Jesus Furtado da Silva, todas do Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração da UFMG. Com inscrições abertas, o evento será realizado a partir das 14h, na sala 2071 da Face.

Segundo pesquisa divulgada pelo Sebrae, relativa ao período de 2001 a 2014, 51% dos micro e pequenos empresários se declararam pretos ou pardos. No entanto, apenas 9% desse contingente empregam ao menos uma pessoa. Ou seja, grande parte dos pequenos empresários negros não são empregadores, contam apenas com a própria força de trabalho.

Para Danielly Mendes, mestranda em administração, esses indicativos trazem à luz as reais condições de mercado de trabalho para as pessoas negras. Segundo ela, os negros optam por empreender como rota de fuga do desemprego. Como não possuem capital para investir no empreendimento, as atividades que conduzem são de menor complexidade e lucratividade. "Trabalhando apenas para si, essa população fica à margem de benefícios e direitos salvaguardados pelas leis trabalhistas, como o FGTS", afirma a mestranda, que cita outras limitações do empreendedorismo negro, como a dificuldade de contrair financiamento bancário e a baixa rentabilidade de suas atividades econômicas.

Apesar das ressalvas, Danielly Mendes também contempla esse cenário com otimismo. "É a primeira vez na história recente brasileira que os negros se tornaram protagonistas no mercado de trabalho" afirma ela. E mesmo com condições desfavoráveis para empreender, os negros que tocam seus próprios negócios têm mais chances de ascensão social por conta da remuneração superior àquela obtida nas atividades mais comuns exercidas por esse segmento população.