Moradores da favela mais antiga de BH, profissionais do sexo, catadores de material reciclado e residentes de uma ocupação urbana são, ao mesmo tempo, personagens e protagonistas da exposição Territórios Populares, em exibição no Centro Cultural da UFMG até 9 de fevereiro. Construída a partir de um projeto do Indisciplinar, grupo de pesquisa da Escola de Arquitetura da UFMG, a exposição é um encontro entre pesquisadores, alunos e populações marginalizadas, numa tentativa de se construir novas narrativas sobre esses grupos a partir de fotos, vídeos, mapas e linha do tempo interativa. 

Os instrumentos de pesquisa, chamados de cartográficos, foram sendo inventados ao longo do estudo, com formas de narrativas que não fossem apenas escritas, mas também visuais. Um dos objetivos desse método de interação era tornar visível não apenas os problemas, mas as criações e invenções dos territórios. A coordenadora do eixo Audiovisual da pesquisa e professora da Escola de Belas Artes, Patrícia Azevedo, diz que a exposição busca estabelecer pontes e criar contranarrativas a respeito dos territórios, inclusive com a participação dos moradores na produção das imagens. O objetivo era trazer outras informações que não são veiculadas pela mídia.

Segundo a professora da Escola de Arquitetura Marcela Brandão, uma das coordenadoras da pesquisa, foram produzidas três disciplinas exclusivamente com o tema, de modo a possibilitar um intercâmbio de ideias e uma reflexão sobre as questões que precisavam ser consideradas como os conceitos de resistência, lugar, território e ocupação, bem como definições sobre o que é popular. A professora acrescenta que a exposição só foi possível em virtude do apoio do Centro Cultural UFMG, que cedeu o espaço, do Verão Arte Contemporânea (VAC), com a divulgação, e do apoio financeiro do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (APUBH).

A programação completa está disponível no evento da exposição Territórios Populares no Facebook.

Entrevistadas: Marcela Brandão - profª. da Escola de Arquitetura da UFMG, Patrícia Azevedo - profª da Escola de Belas Artes da UFMG, Manuela Lima – estudante de Artes Visuais (UFMG), Luiza Poeiras – estudante de Artes Visuais da UFMG

Equipe: Diogo Diniz (produção), Luciana Julião (reportagem), Antônio Soares (imagens), Otávio Zonatto e Marcelo Duarte (edição de imagens), Jessika Viveiros e Luciana Julião (edição de conteúdo).