Arte e Cultura

'Polímatas' reúne arte, ciência e tecnologia no campus Pampulha

'Gênesis', obra icônica da chamada bioarte, é um dos destaques da exposição, que será aberta nesta terça-feira, no saguão da Reitoria

Pierre Fonseca:
Pierre Fonseca: "paisagem sonora" da copa de uma árvore Divulgação

O carioca radicado nos Estados Unidos Eduardo Kac terá a instalação de arte transgênica Gênesis, uma das obras icônicas de sua trajetória e também da chamada bioarte, montada em Belo Horizonte pela primeira vez. O trabalho, que vai ocupar a galeria da Escola de Belas Artes da UFMG, integra a mostra Polímatas, que será inaugurada no saguão da Reitoria nesta terça-feira, 21, às 17h30. O circuito, por sua vez, é parte da programação do 2º Colóquio Internacional Escrita, som, imagem, promovido pelo Grupo Intermídia, em parceria com a Diretoria de Ação Cultural (DAC).

A exposição – seu título faz referência aos indivíduos cujo conhecimento não está restrito a uma determinada área – reúne 46 artistas que, em linguagens e suportes variados, criam por meio de uma interseção entre campos do conhecimento, como a física, a engenharia, a geografia, a ecologia e a comunicação. Além de Gênesis, a mostra terá, entre outras obras, uma videoinstalação de Éder Santos, um vídeo algorítmico de Giselle Beiguelman, livros de artista de Waltércio Caldas e Marilá Dardot e obras inéditas de Lucas Dupin e Sara Não tem Nome.

As obras, que ocupam espaços na Reitoria (saguão e mezanino), na Escola de Belas Artes (EBA) e nas faculdades de Letras (Fale) e de Ciências Econômicas (Face), poderão ser visitadas gratuitamente, nos dias e horários especificados no serviço publicado ao fim deste post.  

De acordo com a equipe de curadoria – formada pelos professores da UFMG Maria do Carmo Veneroso, Marilia Andrés Ribeiro, Pedro Veneroso e Tania Araújo –, a exemplo de cientistas e pesquisadores, artistas também passaram, nos últimos tempos, a atuar na zona de encontro entre diferentes mídias, linguagens e disciplinas. “Com isso, tornou-se cada vez mais claro que a arte, a ciência e a tecnologia podem se nutrir mutuamente de metodologias, práticas, assuntos, imaginários e teorias compartilhados”, afirmam os curadores. 

Na área externa da Face, Cinthia Marcelle e Pedro Veneroso promoverão uma intervenção que farão os postes de iluminação parecerem vagalumes durante a noite. Circuitos desenvolvidos pelos próprios artistas compõem-se de uma placa microcontroladora e relés que são ativados em intervalos diferentes para cada poste. Pierre Fonseca vai instalar cones na copa de uma árvore próxima ao prédio da Reitoria e conectá-los a tubos e fones de ouvido. A ideia é oferecer aos passantes o contato com a “paisagem sonora” lá do alto.

Morse e DNA
Concebida há 20 anos, Gênesis foi realizada originalmente no festival Ars electronica, em Linz, Áustria. Os curadores explicam que Kac criou um “gene de artista”, por meio da tradução de um trecho em inglês do Velho Testamento para código Morse e, então, para uma sequência de DNA, de acordo com um código desenvolvido especialmente para a obra. O gene foi introduzido em bactérias dispostas em placas de Petri. Na instalação, uma placa fica sobre uma caixa de luz ultravioleta, controlada por participantes remotos na web. Ao acionar a luz UV, eles causam mutações no código genético das bactérias, alterando o texto codificado.

Serviço

Horários de visitação
Saguão da Reitoria: até 13 de setembro, de segunda a sexta, das 8h às 18h
Mezanino da Reitoria: até 20 de julho, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
Galeria da Escola de Belas Artes: 23 de maio a 11 de junho, de segunda a sexta-feira, das 8h às 21h
Hall da Faculdade de Letras: de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h
Gramado da Faculdade de Ciências Econômicas: todos os dias, a partir das 18h

Itamar Rigueira Jr. / Boletim 2.059