Pesquisa e Inovação

Pesquisadores e artistas vão discutir interseção de artes e mídias

Colóquio ‘Escrita, som, imagem’ focaliza produções que desafiam os campos disciplinares

'Gênesis', de Eduardo Kac, é um dos ícones da bioarte, um dos temas da conferência do artista
'Gênesis', de Eduardo Kac, é um dos ícones da bioarte, um dos temas da conferência do artista Divulgação

Os fenômenos relacionados às interseções entre as artes e entre as mídias são o foco do 2º Colóquio Internacional Escrita, som, imagem, que será realizado na próxima semana (21 a 25 de maio), no campus Pampulha. Em conferências, debates e comunicações, cerca de 400 cientistas, artistas e estudantes vão tratar de questões de natureza transdisciplinar, envolvendo literatura, artes visuais, cinema, música, teatro, arquitetura e mídias digitais.

O evento é organizado pelo grupo Intermídia, que reúne pesquisadores das áreas de Letras, Belas Artes, Música e Comunicação. Até o início de cada uma das atividades, será possível inscrever-se. Outras informações estão no site do evento.

Como lembram os organizadores do colóquio, as produções contemporâneas, ao lançar mão de textos de naturezas diversas, põem em questão o conceito de arte e propõem desafios aos campos disciplinares institucionais. A intermidialidade não constitui, segundo eles, um campo novo, mas um conjunto de método e conceitos que se prestam ao estudo de múltiplos tipos de fenômenos artísticos, literários e culturais, com apoio da filosofia, da estética, da história da arte e da história da escrita.

Bioarte e telepresença
Numa das conferências do evento, o artista carioca radicado nos Estados Unidos Eduardo Kac vai abordar seu trabalho pioneiro com a bioarte e a telepresença. Kac integra disciplinas diversas para oferecer uma visão imaginativa da relevância da arte para o mundo contemporâneo, com foco nas relações entre humanos, animais, máquinas e diferentes formas de vida. Vinculado à School of the Art Institute of Chicago, o artista tem obras no Museum of Modern Art (MoMA), de Nova York, e na The Tate, de Londres.

Walter Moser, da Universidade de Ottawa (Canadá), apoiado em análise da intermidiática abertura das Olimpíadas de Beijing (China), em 2008, vai tratar de estética e poder. Ele defende que, no contexto atual, marcado por meios e tecnologias muito sofisticados, os princípios da estética barroca têm chegado à sua plena realização no neobarroco, combinando arte e diversão.

O filósofo Paulo Pires do Vale, da Universidade Católica Portuguesa, vai mostrar como o livro se comporta em exposição, como ele ganha autonomia e se transforma em obra de arte. Na conferência de abertura, o escritor, músico e professor da USP José Miguel Wisnik vai abordar Literatura, voz e performance, em palestra-espetáculo em que fará uso de um teclado.

VivaMúsica
No dia 22 de maio, às 17h30, no CAD 3, haverá edição do Projeto VivaMúsica, da Escola de Música da UFMG, especialmente idealizada pela professora Cecilia Nazaré de Lima para o Colóquio Escrita som e imagem. Serão apresentadas concepções musicais contemporâneas, resultantes de investigações sobre relações entre palavras, imagens e sons e de cruzamentos transdisciplinares e artísticos. O professor Oiliam Lanna fará palestra intitulada O processo criativo de ‘Tramas da memória’, para o filme Matéria de composição, de Pedro Aspahan, seguida de trecho do filme com a música original.

Em seguida, serão executadas peças como Mémoire d´une présence absente, com vídeo que potencializa as relações intertextuais ou intermidiáticas geradas pelo contato do intérprete com a obra; Instrumentação e intérpretes: caixa-clara e sistema musical interativo, que apresenta uma caixa-clara tocada a distância, por meio de controladores de jogos digitais; Espiral I e Espiral II,  que tratam de poemas do médico J.A. Pinotti inspirados em pinturas que deram origem aos três ciclos de canções de Almeida Prado, imaginadas como cartões-postais sonoros), e Le bruit de Saint-Lazare, que utiliza, além do quarteto de piano, violão, flauta e saxofone alto, uma trilha eletroacústica gravada em mídia fixa.

A programação do Colóquio também inclui o circuito de exposições Polímatas, que ocupará o Saguão da Reitoria, a galeria da Escola de Belas Artes e espaços externos do campus Pampulha. Quarenta e seis artistas vão exibir obras criadas na interseção com campos como a física, a engenharia, a geografia, a ecologia e a comunicação.