Extensão

Feira de artesanato do Jequitinhonha volta ao campus Pampulha

Com 90 expositores e programação musical diária, o evento estará na Praça de Serviços de 12 a 17 de setembro

Objetivo do evento é apresentar ao público da capital
Evento anual apresenta ao público da capital saberes ancestrais da região do Vale do JequitinhonhaFoto: Raphaella Dias | UFMG

Amostra representativa da vasta produção de peças de cerâmica, bordados, tecelagem e outros tipos de artesanato da região do Vale do Jequitinhonha estará exposta mais uma vez no campus Pampulha, de 12 a 17 de setembro. Esta será a 21ª edição da Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha UFMG.

A cada ano, a Universidade realiza o evento com o objetivo de promover o trabalho dos artistas e ampliar as possibilidades de reconhecimento e comercialização de seus produtos. Em 2022, estarão na Praça de Serviços 90 expositores, que representam 26 municípios e 37 associações de artesãos, incluindo grupos dos povos indígenas Aranã e Pankararu-Pataxó, da Aldeia Cinta Vermelha, em Araçuaí. A entrada é gratuita e aberta ao público. O campus fica na Avenida Antônio Carlos, 6.627.

Organizada pela Pró-reitoria de Cultura da UFMG, por meio do programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha, a feira tem programação com apresentações musicais, exposição e homenagem a uma guardiã da cultura e uma mestra artesã. Segundo o produtor cultural Sérgio Diniz, coordenador do evento, a iniciativa “é resultado da articulação de diferentes órgãos da Universidade e também do apoio financeiro de diversas entidades, que entendem o momento de crise enfrentado pela universidade pública e a importância social da feira”.

A feira segue com o princípio de valorizar a troca de experiências entre artesãos, universidade e comunidade local. De acordo com Maria das Dores Pimentel Nogueira, coordenadora do Programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha, “não se trata apenas de um espaço para venda. É, mais do que isso, um espaço de encontro. É fundamental que a comunidade universitária e a população de BH conheçam esses saberes ancestrais, tão importantes quanto os acadêmicos”.

Exposição e música
De segunda a sexta, haverá apresentações musicais de Déa Trancoso, Nino Aras, Paulo Mourão, Wilson Dias e Grupo Meninas de Sinhá. Durante os seis dias de evento, o público que passar pelo local também poderá conferir a instalação plástico-sonora Sinfonia, do artista visual Pierre Fonseca, de Araçuaí. Por meio de um painel interativo, será possível ver diferentes pássaros do cerrado e e ouvir seus cantos, utilizando a tecnologia QR Code de celulares.

Elza Có e Gesilene Pataxó: homenagem
Elza Có e Gesilene Pataxó: homenagem Foto: Arquivos pessoais

Homenagem
Desde 2009, a feira presta homenagem a mestras e mestres de ofício, entre ceramistas, trançadeiras, tamborzeiros, fiandeiras, tecelãs, bordadeiras, escultores em madeira e outros artistas. Neste ano, as homenageadas serão a guardiã da cultura Elza Có e a mestra Gesilene Pataxó, em evento na sexta-feira (16), às 17h, na Praça de Serviços.

De acordo com a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, a homenagem prestada pela UFMG é uma forma de reconhecimento à força criativa dos saberes tradicionais, cada vez mais valorizados na própria Universidade. “Elza e Gesilene representam o que há de mais genuíno e sublime no artesanato e na cultura popular mineira. Ao homenageá-las, a UFMG valoriza o trabalho de todos os mestres, mestras e guardiões da cultura, que é de fundamental importância para perpetuar uma tradição”, afirma.

Conhecida como dona Elza Có, Elza Pereira de Andrade aprendeu a costurar e bordar muito cedo. A expressão de seu artesanato foi se expandindo com os anos, e aos poucos o bordado, o tricô, o corte de costura e a argila passaram a gerar complemento de renda fundamental para a família. Há 28 anos, ela assumiu o Boi de Janeiro e as negas de Heraldo, evento anual que lhe rendeu o título de símbolo cultural de Jequitinhonha. Hoje, aos 87 anos, o maior orgulho de Elza Có é contribuir para a perpetuação da cultura local por meio do grupo Boi Cometa, que ela fundou.

Liderança pataxó, Gesilene Braz da Conceição detém saberes ancestrais que estruturam a vida de sua comunidade na Aldeia Cinta Vermelha Jundiba, em Araçuaí. Referência na luta histórica em defesa dos territórios e direitos dos povos indígenas, a mestra enfrentou diversos percalços que a obrigaram a interromper os estudos, e ela passou a se dedicar ao artesanato e ao ensino do ofício. Após 20 anos sem frequentar a escola, conseguiu concluir os estudos pelo programa Educação de Jovens e Adultos e realizou o sonho de se formar em Pedagogia e tornar-se alfabetizadora. Com 45 anos de idade, Gesilene hoje é professora da educação infantil em sua aldeia.

Serviço

21ª Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha UFMG
12 a 17 de setembro
Praça de Serviços do Campus Pampulha da UFMG (Avenida Antônio Carlos, 6.627, Pampulha)
Segunda a quarta e sexta-feira, das 9h às 18h; quinta, das 9h às 19h, e sábado, das 9h às 14h

Programação
Dia 12 (segunda), às 12h30 – show Cartas ao vento, de Déa Trancoso
13 (terça), às  12h30 – show Terreiro da resistência, de Paulo Mourão e Adriana Lopes
14 (quarta), às 12h30 – show de Nino Aras
15 (quinta), às 17h30 – show Cantar é viver, do grupo Meninas de Sinhá
16 (sexta), às 12h30 – show Encantos de Minas, de Wilson Dias
Todos os dias – Sinfonia, instalação artístico-sonora de Pierre Fonseca

Objetos em cerâmica utilitários e ornamentais são motivos de forte interesse na feira
Objetos utilitários e ornamentais em cerâmica despertam forte interesse na feira Foto: Raphaella Dias | UFMG

Com Assessoria de Comunicação da Procult