Ensino

Interação com mercado terá peso inédito no Congresso de Educação em Engenharia

‘Cobenge conecta’, que integra a programação do encontro virtual desta semana, vai mostrar que empresas têm soluções diferentes para os diversos desafios

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Estudantes na Escola de Engenharia: chance de conhecer necessidades e dificuldades das empresas 
Foca Lisboa | UFMG

Pela primeira vez, o Congresso brasileiro de educação em engenharia (Cobenge) – que chega nesta semana (28 a 30 de setembro) a sua 49ª edição, organizada pela UFMG e Abenge – tem uma parcela significativa da programação especialmente dedicada ao que as empresas podem aportar para o debate sobre novos caminhos pedagógicos e profissionais nessa área do conhecimento. Algumas atividades ainda aceitam inscrições.

Durante o Cobenge conecta, que terá encontros nos três dias do evento, representantes de 11 empresas apoiadoras do congresso serão convidados a discutir soluções para desafios relacionados aos três aspectos que se unem na temática central do evento: tecnologia, inovação e sustentabilidade.

Ana Liddy:
Ana Liddy Magalhães: subsídios para escolhas de docentes e estudantesAcervo pessoal

“O objetivo do Conecta é promover aproximação ainda maior entre universidade e mercado e a melhor compreensão, por parte de estudantes e professores, das necessidades das empresas e das dificuldades que enfrentam”, afirma a professora Ana Liddy Magalhães, uma das coordenadoras do evento.

A programação do Conecta prevê dinâmicas, bate-papos e mesas-redondas, sempre explorando o ponto de vista das empresas sobre tecnologia, inovação e sustentabilidade, incluindo as relações entre esses temas. “A expectativa é que todas essas conversas produzam subsídios para as próximas escolhas dos docentes e dos estudantes. O movimento atual de flexibilização dos currículos de um campo multidisciplinar como a engenharia exige ainda mais que os estudantes estejam preparados para planejar suas trajetórias acadêmicas e profissionais”, diz Ana Liddy, que é vinculada ao Departamento de Engenharia Elétrica.

Para a professora, como não existem receitas prontas para as questões que se apresentam cotidianamente às empresas, os participantes do Conecta vão poder propor “soluções sob medida”, que estarão relacionadas às peculiaridades de cada organização.    

Paulo Vítor Guerra:
Paulo Vítor Guerra: pelo engajamento dos estudantesAcervo IEBT

Relação duradoura e profícua
O IEBT, consultoria em inovação e tecnologia nascida como spin-off na Escola de Engenharia da UFMG, é um dos parceiros na organização do Cobenge 2021, com atuação concentrada no Conecta. Para o diretor executivo da empresa, Paulo Vítor Guerra, o esforço de atualização do ensino em engenharia tem que incluir o forte engajamento dos estudantes na interação com a indústria. “Nós, do IEBT, e nossos parceiros mais próximos na UFMG sonhamos há algum tempo com uma iniciativa como a do Conecta, que vai aproximar intelectuais e estudantes das demandas reais do mercado”, afirma Guerra, que é conselheiro do Centro de Referência em Inovação no Ensino de Engenharia (Criee), vinculado à Escola de Engenharia.

Ele está convicto do sucesso do Conecta. “Esta iniciativa deve ser perene e merece ser replicada para que muito mais acadêmicos e empresas se aliem para discutir o ensino de engenharia. O encontro tem tudo para marcar a consolidação de uma relação duradoura e cada vez mais profícua entre os dois universos”, diz Paulo Guerra.   

Outro dos responsáveis pela organização do Cobenge conecta e escalado para mediar as mesas-redondas do evento, Juliano Alves Pinto, chefe da Assessoria Internacional do governo de Minas Gerais, considera que a cultura de aproximação das universidades com as empresas está em formação. Até cerca de cinco anos atrás, segundo ele, havia ainda um grande distanciamento. “Esta edição do Congresso brasileiro de educação em engenharia e, particularmente, o Cobenge conecta têm essa preocupação. Fica claro que a postura da academia – e isso é ainda mais forte no caso da UFMG – é cada vez mais proativa na busca pela interação com a indústria”, afirma o diplomata.

Para Juliano, a experiência das empresas é crucial para a formação em áreas como a engenharia, e as organizações também se beneficiam do contato estreito com a universidade. “Em eventos como o Cobenge conecta, assim como em desafios como os hackathons, as empresas descobrem jovens capazes de encontrar soluções para problemas reais, otimizando processos e reduzindo custos”, diz.

Juliano Pinto: academia cada vez mais proativa
Juliano Pinto: academia cada vez mais proativa Acervo pessoal

Novas abordagens
O 49º Congresso brasileiro de educação em engenharia (Cobenge 2021) vai abrigar discussões sobre aspectos como as perspectivas do ensino nesse campo em um cenário cada vez mais virtualizado, que demanda novas abordagens e metodologias. Como lembram os organizadores, é especialmente relevante a UFMG sediar (ainda que virtualmente) o evento porque a instituição tem avançado não apenas com projetos de referência no campo da educação em engenharia, mas também com as inovações pedagógicas definidas pelas Normas Gerais de Graduação, aprovadas em 2019. Além disso, a oportunidade é ímpar para a Universidade liderar a reflexão e a discussão sobre a implementação das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a engenharia e sobre os impactos associados ao ensino remoto.

A parceria com o Crea-MG na organização do congresso vai possibilitar a integração das instituições de ensino superior sediadas em Minas, nas áreas de educação e atuação profissional em engenharia e agronomia, contribuindo para estabelecer elos com a indústria e o mercado de trabalho e impulsionando o desenvolvimento social e econômico de Minas Gerais.

Alguns dos assuntos que vão habitar as salas virtuais do Cobenge – que ocorre simultaneamente ao 4º Simpósio internacional de educação em engenharia – são a formação de engenheiros diante dos grandes desafios do século 21, experiências estudantis, questões normativas (como a incorporação das ações de extensão à carga horária), transformação digital, protagonismo das mulheres e a capacidade da área de responder a eventos inesperados, como a pandemia de covid-19.

O congresso se destaca, tradicionalmente, pela participação ativa dos estudantes em sua criação e discussões de estratégias para aprimorar a educação em engenharia. Neste ano, o congresso contará com programação especial para esse público, como salienta o professor Pedro Henrique Pereira, que coordena a iniciativa. “Essa programação foi criada por estudantes para estudantes e inclui mesas-redondas e uma dinâmica interativa conduzida pelo renomado professor David Goldberg", conta Pereira. Ele informa também que 24 estudantes da UFMG foram selecionados por meio de chamada pública e compõem uma equipe de apoio a todas as atividades do congresso.

Estudantes na Escola de Engenharia:
Estudantes na Escola de Engenharia: participação ativa na elaboração de estratégias do eventoFoca Lisboa | UFMG

Itamar Rigueira Jr.