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Lideranças feministas estruturam redes de apoio para combater desigualdades de gênero

UFMG sedia encontro do movimento Mulheres em Lutas nos dias 3 e 4 de outubro; justiça climática, equidade racial, acolhimento e formação política figuram entre os temas

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Mulheres em lutas: pesquisa, ativismo, mobilização e formação políticaFoto: site Mulheres em Luta

Ao se imaginar futuros possíveis para as mulheres, é preciso discutir justiça climática, equidade racial, acolhimento e bem-viver. Essas temáticas permeiam a programação do Encontro Mulheres em Lutas (MEL), que será realizado no campus Pampulha na sexta, dia 3, e no sábado, 4 de outubro. O MEL vai promover painéis, debates e atividades culturais, concebidos para conectar mulheres em favor da construção e do fortalecimento de uma rede de apoio. O formulário de inscrição está disponível na página oficial do MEL.

Para Marlise Matos, professora do Departamento de Ciência Política e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre a Mulher (Nepem), “todos esses elementos são centrais para construir uma grande rede de mulheres no enfrentamento às desigualdades que estão postas e ao momento regressivo dos nossos direitos”. Os temas têm o intuito de fomentar discussões da perspectiva feminista e antirracista, incluindo também as considerações, reflexões e os debates implementados no âmbito da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, realizada de 29 de setembro a 1º de outubro.

A programação do evento em Belo Horizonte está a cargo do Nepem, que vem construindo várias iniciativas conjuntas com o instituto E se fosse você?, ONG criada para democratizar o acesso a conteúdos educacionais sobre desinformação e violência política de gênero e raça, presidida pela ex-parlamentar gaúcha Manuela D’Ávila. O MEL, cujo evento de abertura ocorreu em abril deste ano, foi precedido, em 2024, por um grande seminário na Câmara de Deputados, que tematizou uma das notas técnicas do Nepem sobre candidaturas pífias e violência política contra as mulheres.

“É uma parceria de pesquisa, de ativismo, de mobilização e de formação política e de formação para as mulheres que são candidatas e também para as que estão se mobilizando para que possamos nos preparar melhor para os enfrentamentos das eleições de 2026 no Brasil”, explica a cientista política.

Marlise Matos:
Marlise Matos: coordenadora no Nepem/UFMGFoto: Foca Lisboa / UFMG

Mobilização
Marlise destaca a grande dificuldade que há no cenário político e social brasileiro, sobretudo depois dos governos de 2016 a 2022, que foram, em suas palavras, “extremamente aterradores para os direitos das mulheres”. A ação visa mobilizar não apenas a sociedade civil (como os movimentos feministas), mas trabalhar também com a mobilização de mulheres dos espaços institucionais, como deputadas e vereadoras, e construir uma ponte entre elas.

“Diante do avanço da extrema-direita e da linguagem da violência política promovida contra as mulheres, é urgente e necessário começar a retomar uma mobilização que seja capaz de enfrentar, sobretudo a partir do próximo ano, o período eleitoral que certamente será muito duro e grave para todas as mulheres”, afirma a docente. Nesse encontro, o MEL propõe construir saídas coletivas para os desafios deste tempo.

O amanhã que poliniza o agora
O Mulheres em Lutas nasceu, em 2024, como movimento político não para substituir partidos e organizações, mas para fortalecer redes feministas e estratégias de ação coletiva. A missão do projeto é garantir que cada mulher tenha condições de ocupar os lugares que historicamente lhes foram negados na política, na comunicação, no ambiente jurídico ou nos espaços públicos.

Inspirado na metáfora das abelhas, o movimento une mulheres de diversas áreas para fertilizar ideias e dar voz a pautas femininas. O encontro desta semana busca catalisar um "enxame" em luta pela transformação da política, para fortalecer vozes e semear futuros coletivos, em consonância com o lema do projeto, “Somos o amanhã polinizando o agora”. 

A metáfora do "enxame" tematiza a mesa de abertura, que será realizada nesta sexta-feira, dia 3, às 17h, no auditório da Reitoria, com participação da reitora Sandra Regina Goulart Almeida.

Em publicação nas redes sociais, a vereadora de Belo Horizonte Iza Lourença, que estará presente no evento, convida o público a integrar essa mobilização: “Temos o compromisso histórico de lutar contra os retrocessos e,também, de construir outros futuros possíveis”. 

Além dela, outras personalidades do mundo da política institucional participarão do Encontro MEL, como a ex-deputada federal Áurea Carolina, as deputadas estaduais Bella Gonçalves e Lohanna França e a vereadora de Belo Horizonte Cida Falabella.

Programação

Sexta-feira, 3 de outubro
Local: Auditório da Reitoria
17h: Mesa de abertura: Enxame organizado para ocupar e transformar a política

Sábado, 4 de outubro
Local: CAD 2
9h: Painel Mulheração por justiça climática e bem-viver
13h: Oficinas e rodas de conversa
Roda de conversa Cuidados e acolhimento de mulheres na política, no trabalho e nos territórios
Oficina Comunicação mais perto para ir mais longe
Roda de conversa Corpos e vozes que movem as lutas
Oficina #partiu Marcha das Mulheres Negras
Roda de conversa Futuro em construção: pesquisadoras e educadoras em movimento
15h: Ato encerramento, com a leitura da Carta de Minas Gerais

Espaço de brincar

O evento conta ainda com uma programação infantil no sábado, das 8h às 17h, com acolhimento no Espaço de brincar. O espaço foi pensado para que as mães possam participar dos debates com tranquilidade

O ambiente é resultado de demanda das próprias mulheres, como explica Marlise Matos: “Esse espaço para as crianças é fundamental. Como que as mulheres podem participar de um evento numa sexta-feira à noite ou no sábado inteiro sem ter um lugar de acolhimento para os filhos? Lamentavelmente, esse é um tema eternamente discutido: a responsabilidade quase isolada das mulheres pelo cuidado de crianças", pontua.

Hellen Cordeiro