Pesquisa e Inovação

Livro reúne visões ampliadas do conceito de periferias

Obra, com 25 artigos de 43 autores, será lançada em mesa-redonda no dia 15, na Escola de Arquitetura

'Periferias no plural' é resultado de longo processo de pensamento, debates, pesquisas e articulações
'Periferias no plural' é resultado de longo processo de pensamento, debates, pesquisas e articulações Imagem: reprodução

A Escola de Arquitetura da UFMG sediará na próxima quarta-feira, dia 15, o lançamento do livro Periferias no plural, em parceria com importantes fundações de educação, pesquisa e cultura, como a Friedrich Ebert (FES) e a Perseu Abramo (FPA), e com apoio dos projetos Reconexão Periferias e Criticar (UFMG). O evento, aberto ao público, terá início às 19h.

Organizado por Paulo Ramos, Jaqueline Lima Santos, Victoria Braga e Willian Habermann, Periferias no plural reúne 25 artigos de 43 autores que debatem a amplitude do conceito de periferia por meio da pluralidade metodológica e interpretativa para a realidade brasileira. A coletânea resulta de parceria entre o projeto Reconexão Periferias, a FPA, e a Friedrich-Ebert-Stiftung Brasil. O download da obra pode ser feito gratuitamente no site da FPA.

Entre os convidados para a mesa-redonda estão Willian Habermann, diretor de projetos da FES-Brasil, e os professores do Departamento de Urbanismo da Escola de Arquiterura Thiago Canettieri e Juliana Luquez.

Democratização e reconhecimento
"A periferia emergiu como questão fundamental das pesquisas urbanas brasileiras na década de 1970. Tratava-se de um termo empregado pela academia para designar territórios distantes do centro das cidades, carentes de infraestrutura, onde se concentrava a população pobre, predominantemente migrante, em terrenos irregulares e casas construídas pelos próprios moradores. Eram os territórios das chamadas classes populares urbanas e o berço de novos personagens que entraram na cena política como atores cruciais para a redemocratização brasileira", contextualiza Danilo França, professor de Sociologia da Universidade Federal Fluminense, na contracapa do livro.

A ascensão da periferia como categoria identitária, prossegue França, ocorreu a partir dos anos 1990, quando os próprios moradores passaram a narrar suas experiências e denunciar desigualdades. O rap e o hip-hop lideraram essa expressão cultural, refletindo os sentimentos e mentalidades das comunidades negras e pobres. As políticas públicas dos anos 2000 promoveram a inclusão desses jovens nas universidades e tornaram possível que eles ocupassem espaços de produção de conhecimento. A identidade periférica se disseminou amplamente e uniu movimentos político-culturais de diversas origens em lutas por democratização e reconhecimento no Brasil contemporâneo.

A palavra periferia evoluiu de estigma a fonte de orgulho e base de identidade política, especialmente após ser adotada por grupos culturais como os Racionais MCs. "As experiências sociais periféricas também evidenciam uma diversidade de contextos que podem ser agrupados e traduzidos como periferia ou, como esse livro buscará evidenciar, pela palavra periferias, no plural", anota-se na introdução de Periferias no plural.

No centro do pensamento
Periferias no plural é resultado de longo processo de reflexões, debates, pesquisas e articulações, concatenado com as mudanças vividas pelo Brasil na sua democratização recente, suas crises e potenciais. O livro reúne autores e autoras de várias áreas do conhecimento para discutir temas urgentes com o objetivo de ampliar a visão atual sobre periferias e coloca no centro do pensamento sobre as periferias as noções apresentadas e vivenciadas pelos próprios sujeitos que se apresentam como periféricos.

Baixe o livro.

Livro: Periferias no plural
Organizadores: Paulo Ramos, Jaqueline Lima Santos, Victoria Braga e Willian Habermann
Editora: Fundação Perseu Abramo e Friedrich-Ebert-Stiftung Brasil
487 páginas | gratuito