Luisa Caldeira Brant, da Faculdade de Medicina, vence prêmio ‘Para mulheres na ciência’
Professora trabalha no desenvolvimento de soluções digitais para assistência a pacientes com insuficiência cardíaca
A professora Luisa Campos Caldeira Brant, da Faculdade de Medicina, é uma das sete vencedoras da 19ª edição do prêmio Para Mulheres na Ciência, que reconhece o protagonismo feminino na pesquisa científica. A cerimônia de premiação ocorreu no último dia 27 de novembro, no Rio de Janeiro.
Promovido pela L’Oréal Brasil em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Unesco no Brasil, o programa tem o objetivo de fomentar a equidade de gênero na ciência e incentivar a participação de mulheres em campos tradicionalmente dominados por homens. Desde sua criação, a iniciativa já premiou mais de 350 jovens cientistas em 110 países, destacando talentos nas áreas de Ciências da Vida, Ciências Físicas, Ciências Químicas e Ciências Matemáticas. Cada ganhadora recebe uma bolsa-auxílio no valor de R$ 50 mil para investir em seus projetos de pesquisa.
Luisa Caldeira Brant foi premiada na categoria Ciências da Vida pelo seu trabalho com tecnologias digitais para melhorar o atendimento à saúde no Brasil. Referência na área cardiovascular, a pesquisadora está à frente do desenvolvimento de soluções digitais que podem revolucionar os cuidados pós-alta hospitalar, com foco especial em pacientes com insuficiência cardíaca.
A insuficiência cardíaca é uma das principais causas de internação por doenças cardiovasculares no Brasil. Para enfrentar esse desafio, a professora coordena a adaptação de um aplicativo de saúde criado em colaboração com cinco universidades norte-americanas, sob a liderança da Universidade Stanford. Agora batizado de OPT (Outpatient treatment), o aplicativo é uma solução inovadora em saúde digital projetada para apoiar pacientes com IC.
“OPT é o acrônimo do nome original do projeto em inglês, mas também carrega uma mensagem, Opte por participar do seu tratamento!, que reforça a importância do engajamento do paciente no próprio cuidado", explica a professora. O aplicativo já está sendo avaliado em um ensaio clínico randomizado, com resultados esperados para o fim de 2025.
Menos reinternações
O OPT busca aumentar a adesão dos pacientes às medicações recomendadas por diretrizes médicas, que têm potencial para reduzir reinternações em até 70%. Além disso, a ferramenta oferece orientações sobre autocuidado, avaliações sistemáticas e ajustes de tratamento medicamentoso, promovendo uma abordagem mais personalizada e eficaz.
O aplicativo inclui recomendações adaptadas à realidade brasileira, como dietas baseadas em alimentos regionais e atividades físicas acessíveis ao cotidiano da população. A expectativa é que o OPT não se limite a beneficiar pacientes com insuficiência cardíaca, mas também seja expandido para o cuidado de outras doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão.
Outro aspecto destacado por Luísa é a possibilidade de a ferramenta ser incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS), caso os resultados do ensaio clínico demonstrem benefícios significativos. “Nosso objetivo é contribuir para uma saúde pública mais eficiente, oferecendo suporte digital acessível e inovador”, conclui a pesquisadora.