Ensino

Medicina atinge mil cadastros de doadores de corpos para estudo

Mais de 60 corpos foram utilizados desde 1999

Aula de anatomia: variações anatômicas favorecem o aprendizado
Aula de anatomia: variações anatômicas favorecem o aprendizado Carol Morena / Medicina-UFMG

Referência nacional em doação de corpos, o projeto Vida após a Vida completou, no último mês, a marca de mil doadores voluntários para estudos. Criado em 1999, o programa já proporcionou aos alunos de anatomia da Faculdade de Medicina a utilização de mais de 60 corpos. 

Para o coordenador do Vida após a Vida e vice-diretor da Faculdade de Medicina, professor Humberto Alves, é gratificante constatar a disposição de tantas pessoas para fazer a doação. “Percebo o prazer, a satisfação e o altruísmo das pessoas ao vir ajudar. Ao longo desses anos, verificamos que mais pessoas querem fazer doação do que era imaginado”, afirma.

Se a doação de órgãos gera benefícios imediatos a quem recebe, a doação de corpos propicia conhecimento futuro. O conhecimento adquirido pelos profissionais de saúde para cuidar de outras pessoas fez Arlen Henrique, 30 anos, decidir pela doação. “Por questões filosóficas e religiosas, minha relação com o corpo é muito tranquila", explica.

A aluna Gabriela Ruiz, que foi monitora da disciplina de anatomia por três anos, conta que a decisão de doar precisa partir da própria pessoa: “É um gesto totalmente não egoísta". Ela também destaca a vantagem de estudar com a utilização dos cadáveres. “Há variações anatômicas, órgãos de tamanhos e características distintas. Os corpos propiciam realismo para o aprendizado de anatomia”, enfatiza.

Para Humberto Alves, a marca alcançada é importante na análise dos impactos do programa: “Esse é o momento para a gente refletir sobre a iniciativa e sua grande importância para a formação dos profissionais da área de saúde”.

O programa Vida após a Vida também proporciona aos alunos conhecimento mais profundo da relação entre o cuidado do paciente e a morte. “Por mais competente que seja o profissional de saúde, chega um momento em que ele não pode alterar a questão da finitude da vida”, explica Alves. Segundo ele, a exigência de que o profissional lide com o corpo sem vida pode impactá-lo de diversas maneiras.

(Com Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina)