Pesquisa e Inovação

Medicina pesquisa técnicas para conservar tecido ovariano

Prática é indicada a mulheres que querem engravidar após tratamento oncológico

Grupo testa novas técnicas de conservação em ovários de macacas e vacas
Grupo testa novas técnicas de conservação em ovários de macacas e vacas Carol Morena / Faculdade de Medicina

O congelamento de tecido ovariano é uma alternativa promissora para mulheres que sonham em ter filhos após passarem por tratamento oncológico. Diferentemente do congelamento de óvulos, essa prática possibilita recuperar a funcionalidade do ovário – tanto no quesito fertilidade quanto em relação à produção de hormônios. Pesquisadores da Faculdade de Medicina e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Hormônios e Saúde da Mulher (INCT-Hormona) vêm desenvolvendo técnicas para melhorar a conservação do tecido congelado e proporcionar resultados mais positivos ao ser transplantado. 

Os avanços já são observados em modelos animais e, ainda neste semestre, as novas técnicas deverão ser testadas em tecido humano. De acordo com o professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia e um dos pesquisadores envolvidos no projeto, Fernando Reis, embora a prática de congelamento de tecido ovariano já seja utilizada na medicina reprodutiva, ainda há muito a desenvolver.

O congelamento de tecido é indicado a pacientes que serão submetidas à quimioterapia ou à radioterapia, tratamentos que podem provocar a infertilidade. Quanto mais conservado estiver o tecido, maiores são as chances de sucesso do tratamento. Isso porque os fragmentos do ovário que forem congelados poderão ser transplantados de volta ao corpo da paciente, após sua cura. “Assim, o tecido vai se regenerar, e ela poderá voltar a produzir hormônios, ovular e engravidar espontaneamente ou por meio de reprodução assistida”, explica Fernando Reis.

O grupo pesquisa uma técnica que se vale de novos materiais crioprotetores, para evitar possíveis danos ao tecido exposto ao frio extremo. Na pesquisa, são comparadas duas técnicas de congelamento: a lenta e a ultrarrápida (vitrificação), com e sem polímeros sintéticos, que são produtos químicos que poderiam proteger ainda mais as células.

Essas técnicas vem sendo testadas em ovários de macacas e bovinos. Segundo o professor, a escolha desses animais se deve à semelhança estrutural e funcional com os ovários humanos. Os testes em bovinos utilizam material doado por frigoríficos. Os resultados, possivelmente, serão conhecidos ainda neste ano.

Polímeros protetores
Corresponsável pelo projeto, a pesquisadora Jhenifer Kliemchen Rodrigues, pós-doutoranda ligada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde da Mulher e professora convidada da Faculdade de Medicina, realizou os mesmos testes em ovários de macacas, nos Estados Unidos, com resultados satisfatórios.

Agora, a intenção do grupo é avaliar as duas técnicas e o efeito protetor dos polímeros em tecidos cedidos por mulheres que precisam se submeter a tratamentos como quimioterapia ou radioterapia, cujos efeitos colaterais podem lesar os ovários.

De acordo com o protocolo do estudo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG, uma pequena parte do material obtido de cada doadora será usada para investigar as novas técnicas de congelamento. A maior parte será armazenada, utilizando a técnica padrão, para uso futuro da própria paciente.

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CCS-Medicina/UFMG

Marcela Brito / Estagiária de jornalismo da Faculdade de Medicina