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‘Mostra Cuir: Filme e Experimento’ exibe produções de artistas LGBTQIA+ da América Latina

Curadoria do evento busca ressaltar como a experiência individual e o olhar sobre si sempre se relacionam com a vivência social e política

'Clandestyna', curta realizado pela CasaNem, referência carioca no acolhimento a pessoas LGBTQIA+ em vulnerabilidade social
'Clandestyna', curta realizado pela CasaNem, referência carioca no acolhimento a pessoas LGBTQIA+ em vulnerabilidade social Reprodução/Cuir

Até 20 de junho, a Mostra Cuir: Filme e Experimento - América Latina exibe produções cinematográficas de artistas e coletivos convidados do Brasil e mais seis países: Chile, México, Colômbia, Argentina, Cuba e Uruguai. Entre os representantes da cena mineira, estão o coletivo As Talavistas e a realizadora, montadora e atriz Gabriela Luíza, que dirigem o trabalho colaborativo Sessão bruta, média-metragem que estreia no evento. Além disso, também compõem a programação realizações de Pernambuco e do Amazonas.

O termo “cuir” é uma derivação latino-americana do “queer”, que vem sendo utilizado para se referir a experiências de dissidência sexual e de gênero de forma mais direcionada às questões raciais e de classe, em contraste com a perspectiva eurocêntrica. Os filmes e demais produções audiovisuais da Mostra são guiados justamente por esse conceito. O Noite Ilustrada desta terça, 8,  recebeu o curador da programação, Luís Fernando Moura, para conversar sobre a escolha dos cineastas e artistas audiovisuais, as discussões que a mostra se propõe a trazer e os aspectos estéticos dessas produções.

O curador explicou o uso da expressão "cuir" com nova grafia. “Essa palavra, 'queer', palavra em inglês que significa esquisito, foi incorporada na academia e na teoria queer e incorporada pela militância. Mas os artistas acadêmicos perguntam assim: será que o 'queer' dá conta de dizer, por exemplo, das nossas histórias de colonização específica, que tem a ver com toda a experiência indígena ou com a experiência das populações negras trazidas para cá para serem escravizadas, ou nossas experiências urbanas muito específicas, experiências rurais muito específicas, as histórias dos transgêneros na América Latina? Por exemplo, a palavra travesti não tem tradução em inglês. Parece que nossas experiências na América Latina em termos de violências históricas diversas são muito próprias de cá”, detalhou.

A programação, online e gratuita, está toda disponível nas duas línguas: português e espanhol. As 42 obras, divididas em dez grupos temáticos, discutem a diferença entre a experiência LGBTQIA+ desses sete países, sempre sob o triângulo identidade, sexualidade e política. Além dos filmes, a mostra conta com debates e textos, para os quais o espectador tem acesso livre até o dia 20 de junho pelo site do evento.


Produção: Maron Filho e Enaile Almeida, sob orientação de Luiza Glória 
Publicação: Flora Quaresma, sob orientação de Alessandra Dantas