Pesquisa e Inovação

Não tem mar, vai pro bar: tese investiga experiência de frequentadores de botecos de BH

Trabalho desenvolvido na pós-graduação em Administração é tema do novo episódio do ‘Aqui tem ciência’, da Rádio UFMG Educativa

Copo 'Lagoinha' é um dos elementos autênticos dos bares de BH
Copo lagoinha é um dos elementos autênticos dos bares de BH Foto: Jane Reis Carvalho / Creative Commons Attribution-Share Alike 4.0

Comida de estufa, prateleira de cachaça, caixa registradora e arquitetura antiga: esses são alguns dos elementos considerados mais autênticos nos bares e botecos de Belo Horizonte pelos consumidores, conforme tese de doutorado defendida pela pesquisadora Geórgia Caetano dos Santos no Programa de Pós-graduação em Administração da UFMG. Com o objetivo de compreender a autenticidade desses espaços e a nostalgia despertada nos fregueses por meio dos elementos estético-visuais, a autora investigou as características de bares e botecos da capital que possibilitam o resgate de memórias afetivas e contribuem para a formação de vínculos de lealdade.

A pesquisa reuniu percepções de 17 entrevistados, entre cozinheiros, historiadores, chefes de cozinha, donos de bares e consumidores, a respeito do que consideram autêntico nesses espaços e de como os frequentam. Geórgia explica que o conceito de autenticidade se refere ao que é genuíno, original e que representa a essência cultural da cidade. “Às vezes, o autêntico repousa naquilo que atravessou os anos, que atravessou gerações. O autêntico é aquilo em que você bate o olho e fala ‘aqui eles servem bebida no copo lagoinha'. Você quer mais autêntico que o copo lagoinha, que é de Belo Horizonte?”, ressalta.

A investigação foi ampliada por meio de questionário veiculado nas redes sociais, respondido por 254 pessoas, como parte da etapa quantitativa, que teve por objetivo abranger o público mais diverso possível para validar os resultados obtidos na primeira fase do estudo, qualitativa. Para a pesquisadora, a busca por tal diversidade estava associada à intenção de fazer um retrato mais fidedigno desses espaços. “Belo Horizonte tem um público diverso. Não é só a juventude que está ali, todas as classes sociais, todos os estilos de vida compartilham o mesmo ambiente de bar, e isso é muito democrático, é muito a cara de Belo Horizonte”, explica Geórgia.

Capital dos bares
Declarada Cidade criativa da gastronomia pela Unesco em 2019 e popularmente conhecida como a capital dos bares, Belo Horizonte já chegou a concentrar 28 estabelecimentos por quilômetro quadrado, antes da pandemia, conforme levantamento feito pela prefeitura em 2017. 

A tese defendida em novembro de 2022 na Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, sob orientação da professora Juliana Maria Magalhães Christino, reúne resultados que também podem ser aplicados por gestores dos estabelecimentos para a criação de estratégias de marketing que atraiam e fidelizem clientes. A pesquisa destaca o que o público frequentador espera e gosta de encontrar nesses espaços e evidencia a importância deles para a formação de novas relações e a construção de uma identidade coletiva. 

Saiba mais sobre a pesquisa no novo episódio do Aqui tem ciência:


Raio-x da pesquisa

Geórgia Caetano dos Santos: pesquisa é legado para a cidade
Geórgia Caetano dos Santos: pesquisa é legado para a cidade Foto: Acervo pessoal

Tese: Autenticidade e nostalgia na experiência dos consumidores de bares e botecos de Belo Horizonte – capital criativa da gastronomia 

Autora: Geórgia Caetano de Oliveira Santos
O que é: tese de doutorado elaborada com metodologias qualitativa e quantitativa com o objetivo de compreender a relação da nostalgia e da autenticidade percebida com a lealdade e a intenção de participação continuada de lazer dos belo-horizontinos em bares e botecos.
Programa de Pós-graduação: Administração 
Orientadora: Juliana Maria Magalhães Christino.
Ano da defesa: 2022

O episódio 150 do Aqui tem ciência tem produção e apresentação de Bella Corrêa, edição de Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da Rádio UFMG Educativa apresenta os resultados de um trabalho de pesquisa desenvolvido na Universidade. 

O Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast, como o Spotify, e vai ao ar na frequência 104,5 FM, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.