Novo centro de estudos fortalece cooperação com Canadá e Estados Unidos
Evento nesta tarde marcou lançamento de iniciativa que conta com apoio da diplomacia dos países norte-americanos
“Visamos a uma cooperação de mão dupla, a uma parceria solidária que contribua para o desenvolvimento de nossos países, por meio do compartilhamento do conhecimento produzido em nossas universidades”, afirmou, na tarde de hoje, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, ao participar do lançamento do Centro de Estudos Norte-americanos (Cena). O evento teve a presença de representantes das embaixadas do Canadá e dos Estados Unidos, dirigentes e professores da UFMG.
O novo centro vai promover novas pesquisas conjuntas e intensificar ações de intercâmbio, além de facilitar o contato entre pesquisadores, instituições, empresas, ONGs e agências de fomento. A coordenação é do professor Aristóteles de Góes Neto, do Instituto de Ciências Biológicas, e as ações serão orientadas por um conselho composto de professores de diferentes áreas.
Segundo Sandra Almeida, o Cena, assim como os outros centros sediados na UFMG – dedicados a estudos africanos, europeus, indianos, latino-americanos e sobre a Ásia Oriental –, tem a missão de estimular a reflexão transdisciplinar e o pensamento crítico sobre os aspectos mais relevantes da região.
A reitora acrescentou que a iniciativa enfatiza a importância das relações internacionais no contexto da educação. A postura dos governos canadense e americano com relação ao ensino e à pesquisa é exemplo claro, segundo ela, da diferença que faz a participação do poder público. “Os melhores resultados obtidos pelas universidades brasileiras se devem, em grande parte, a políticas imprescindíveis implantadas pelos governos no âmbito federal. O Brasil é um dos países em que é mais significativo o impacto do ensino superior na vida das pessoas”, afirmou Sandra Almeida, que lembrou seus vínculos pessoais e acadêmicos com o Canadá e os Estados Unidos.
‘Parceira incrível’
O Cena conta com o apoio das representações diplomáticas do Canadá e dos Estados Unidos no Brasil. O conselheiro para Assuntos de Cultura, Educação e Imprensa da Embaixada dos EUA no Brasil, Erik Holm-Olsen, destacou a “excelente oportunidade de aumentar o entendimento entre os países, que é prioridade para os Estados Unidos, e estreitar os laços entre pessoas e comunidades acadêmicas”. Holm-Olsen afirmou que a UFMG tem sido “uma parceira incrível” e empenhou o suporte da Embaixada às ações do novo centro.
O comissário de comércio do Consulado do Canadá em Belo Horizonte, Franz Brandenberger, enfatizou que o país tem forte interesse em incrementar o quadro de relações com instituições como a UFMG. “Hoje, são 15 as universidades que mantêm acordos com a UFMG, o que significa que há grande potencial de expansão”, disse Brandenberger.
Diretor do Departamento para os Estados Unidos do Itamaraty, o embaixador Benoni Belli manifestou convicção de que o Centro de Estudos Norte-americanos vai contribuir para criar e fortalecer conexões. “A nova geopolítica do conhecimento exige a participação em redes globais que possibilitam aumentar o poder de influência internacional. Os países se afirmam por meio da produção do conhecimento, e as pesquisas geram desenvolvimento econômico e bem-estar para as populações”, lembrou.
Segundo números da Diretoria de Relações Internacionais, estão em vigor 57 acordos de cooperação entre a UFMG e instituições do Canadá e dos Estados Unidos; nesse quesito, os EUA ocupam a quarta posição entre os principais parceiros, e o Canadá, a 14ª. Quanto aos estágios doutorais, os EUA são o primeiro destino dos pesquisadores da UFMG, e o Canadá é o 4º. Desde 2013, foram publicados mais de 3 mil artigos coproduzidos por pesquisadores da UFMG e de instituições americanas e canadenses. Está prevista para breve a vinda do primeiro pesquisador americano vinculado à Cátedra Fulbright na UFMG.
O diretor de Relações Internacionais, Aziz Tuffi Saliba, destacou que a criação do Cena preenche lacuna importante no cenário dos centros de estudos regionais da UFMG. “O Canadá e os Estados Unidos têm relevo indiscutível sob qualquer parâmetro de análise, e suas universidades povoam a parte superior de diferentes rankings internacionais”, disse Saliba. “O Centro terá papel decisivo não apenas para promover estudos e consolidar as relações, mas também para buscar novas frentes de pesquisa.”
Palestras
A programação de inauguração do Centro de Estudos Norte-americanos inclui ainda palestras do cientista político Jason Casellas, professor da Universidade de Houston (Texas, EUA), e do especialista em estudos africanos Brian Purnell, do Bowdoin College (Maine, EUA), no auditório 2 da Faculdade de Ciências Econômicas. Nesta terça, 11, a partir das 19h, Casellas vai abordar Representação e voto latinos nos Estados Unidos; na quinta-feira, 13, Brian Purnell falará sobre Discriminação racial e a Jim Crow North [referência à legislação segregacionista nos EUA]. As palestras serão coordenadas, respectivamente, pelos professores Manoel Santos e Cristiano Rodrigues, do Departamento de Ciência Política.