A pandemia de covid-19 gerou crises de natureza política e econômica. A desigualdade social intensificou-se em todo o mundo, acompanhada de queda geral da renda. Mesmo antes da emergência do vírus, o Brasil já vinha amargando altos índices de desemprego, problema que se agravou a partir de 2020, em decorrência dos efeitos econômicos das medidas de restrição destinadas a conter a disseminação da doença.

O episódio 87 do Outra estação, programa da Rádio UFMG Educativa, aborda o modo como a pandemia tem contribuído para o aumento do desemprego no Brasil, discute os motivos que levaram o país à situação atual, possíveis soluções para o problema e projeta o que a população brasileira deve esperar para o ano de 2022.

O Outra estação entrevistou quatro economistas: Aniela Carrara, professora do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Rondonópolis, João Prates Romero, professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG e do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), Guilherme Almeida, economista-chefe da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG), e Mário Sérgio Telles, gerente executivo de Economia na Confederação Nacional da Indústria e mestre em Ciências Econômicas pelo Cedeplar. 

O programa também conversou com dois empresários, Frederico Garzon e Felipe Carvalho, e com Sara Soares, profissional que integra o grupo dos milhões de pessoas que buscam emprego no Brasil.

O que gerou o cenário atual?

Em seu primeiro bloco, o Outra estação investiga os fatores responsáveis por elevar a desocupação no Brasil. “O que temos atualmente, em termos de taxa de desemprego, é um somatório que inclui um cenário pré-pandêmico. Já não estávamos bem das pernas em relação a boa parte dos agregados macroeconômicos”, explica Aniela Carrara. “E veio a pandemia, que gerou várias restrições que acabaram impactando ainda mais o nosso nível de desemprego”, acrescenta. Por sua vez, Guilherme Almeida destaca os efeitos observados no setor de serviços, no qual várias empresas fecharam as portas. O economista também cita muitas incertezas que vêm atrapalhando a recuperação do mercado de trabalho.

Outro motivo das elevadas taxas de desemprego no país é a alta da inflação. A inflação oficial fechou 2021 em 10,06%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A taxa ficou bem acima do teto da meta, que era de 5,25%. Além de explicar por que a inflação no ano passado foi tão alta, João Prates Romero esclarece o processo econômico chamado de “histerese”, causado pelo desemprego elevado e prolongado. 

Projeções e saídas

O segundo bloco do programa discute as perspectivas para o mercado de trabalho brasileiro em 2022 e os caminhos para o país sair da crise atual. A professora Aniela Carrara explica por que é esperada uma tímida queda da desocupação. Alguns fatores macroeconômicos, como o recuo da inflação, poderiam ajudar a reduzir o desemprego, mas João Prates Romero alerta que medidas adotadas para tentar diminuir a carestia podem piorar outros indicadores econômicos.

O cenário político de 2022, com incertezas relacionadas às eleições para presidente da República e outros cargos, também pode atrapalhar o combate ao desemprego, como ressalta Guilherme Almeida. Mário Sérgio Telles, por sua vez, projeta um cenário otimista para o setor industrial, com relação à ocorrência das eleições.

O segundo bloco também aborda o que os governos deveriam fazer para fortalecer a confiança de investidores e consumidores na economia do Brasil. Aniela Carrara observa que um aumento dos investimentos públicos poderia aquecer a economia e ajudar a abrir postos de trabalho. O programa discute, ainda, o modo como fatores internacionais podem influenciar a retomada do emprego no país.

Produção
O episódio 87 do Outra estação é apresentado por Alicianne Gonçalves. A produção é de Arthur Bugre, Joabe Andrade e Laura Silva, com edição de Tiago de Holanda. Os trabalhos técnicos são de Cláudio Zazá. A coordenação interina de jornalismo da Rádio UFMG Educativa é de Alicianne Gonçalves, e a coordenação interina de programação é de Guilherme Amintas.

Em sua segunda temporada, o programa vai ao ar quinzenalmente, às quintas-feiras, às 18h, com reprise às sextas, às 7h. Os episódios também podem ser ouvidos em aplicativos de podcast como o Spotify.