Extensão

Novos talentos da ciência ‘invadem’ laboratórios do ICB

Coube aos próprios alunos sugerir os fenômenos que seriam estudados
Os próprios alunos escolheram os fenômenos que iriam estudar Ferdinando Marcos

Cerca de 40 alunos do 8º e 9º anos da rede pública e privada de Belo Horizonte e do interior de Minas “invadiram”, nesta semana, quatro laboratórios do ICB, onde, sob a supervisão de monitores de graduação e pós-graduação, têm a oportunidade de desenvolver experimentos e entrar em contato com o método científico.

A presença desses aspirantes a cientistas é viabilizada pelo projeto UFMG & Escolas – Educando para a ciência – em busca de novos talentos, que neste ano chegou à 14ª edição. Dessa vez, as investigações tentam responder à questão “Por que respiramos?”. Divididos em seis grupos de sete pessoas, coube aos próprios alunos sugerir os fenômenos que seriam estudados, como o efeito da nicotina no organismo dos animais e os açúcares que apresentam maior taxa de respiração.

Monitor orienta grupo de alunos
Monitor orienta grupo de alunos Ferdinando Marcos

Ao fim de cada tarde, eles apresentam os resultados preliminares obtidos no dia em uma reunião com os monitores e coordenadores do projeto. Na “sabatina”, eles são questionados sobre a comprovação de seus resultados, mas nada lhes é imposto, como atesta o estudante Gabriel Macedo, de 17 anos, aluno do Colégio Santo Antônio.

“É uma experiência muito interessante, pois nos acostumamos com o conhecimento que adquirimos nos livros, já prontos, ou com aquele que os professores nos repassam e só anotamos. Aqui produzimos nosso próprio conhecimento”, afirmou Gabriel, cujo grupo investiga se uma colônia de bactérias se desenvolve melhor em meio aeróbico ou anaeróbico (no vácuo) e os efeitos causados em insetos, como baratas e tenébrios (larva popularmente conhecida como bicho-da-farinha), quando ingerem nicotina em sua alimentação.

Gabriel (à direita) investiga o desenvolvimento de colônia de bactérias
Gabriel (à direita) investiga o desenvolvimento de colônia de bactérias Ferdinando Marcos

Para uma das coordenadoras do projeto, a professora Andréa Mara Macedo, o aspecto mais importante do curso é mostrar a adolescentes e pré-adolescentes que ciência é muito mais interessante do que aquilo que se vê nas escolas e é cobrado nas provas, pois tem pouco a ver com a vida e os interesses dos alunos. “Somos um país que se coloca entre os primeiros em produção de ciência e um dos piores em ensino de ciências. É a nossa produção científica que deve ser ensinada, e isso não ocorre na maioria das escolas”, criticou a professora, atual diretora do ICB.

Agentes multiplicadores 
Na semana passada, de 18 a 22 de julho, os laboratórios do ICB receberam professores do ensino médio e fundamental, o que ocorre desde a primeira edição do projeto. O objetivo é contribuir para reverter um cenário - relatado pelos alunos - de baixa frequência de aulas práticas.

Em Prudente de Morais, município localizado na região de Sete Lagoas, pelo menos uma escola tem alcançado progressos para reverter esse quadro, graças a um professor que participou das oficinas em várias edições. “Ele implantou uma nova filosofia de ensino em sua escola. Os alunos de lá foram premiados e irão se apresentar na mostra de inovação da Fapemig [em agosto]. Esse é o diferencial da iniciativa. Você ‘contamina’ um professor, e ele, sozinho, é capaz de ‘contaminar’ vários alunos. Os professores são multiplicadores da ideia”, define a coordenadora.

Nesta sexta-feira, 29, as experiências desenvolvidas ao longo da semana serão apresentadas em um simulado de congresso, em formato de pôsteres científicos.

A TV UFMG também acompanhou as atividades do projeto. Assista à reportagem: