Novos talentos da ciência ‘invadem’ laboratórios do ICB

Cerca de 40 alunos do 8º e 9º anos da rede pública e privada de Belo Horizonte e do interior de Minas “invadiram”, nesta semana, quatro laboratórios do ICB, onde, sob a supervisão de monitores de graduação e pós-graduação, têm a oportunidade de desenvolver experimentos e entrar em contato com o método científico.
A presença desses aspirantes a cientistas é viabilizada pelo projeto UFMG & Escolas – Educando para a ciência – em busca de novos talentos, que neste ano chegou à 14ª edição. Dessa vez, as investigações tentam responder à questão “Por que respiramos?”. Divididos em seis grupos de sete pessoas, coube aos próprios alunos sugerir os fenômenos que seriam estudados, como o efeito da nicotina no organismo dos animais e os açúcares que apresentam maior taxa de respiração.

Ao fim de cada tarde, eles apresentam os resultados preliminares obtidos no dia em uma reunião com os monitores e coordenadores do projeto. Na “sabatina”, eles são questionados sobre a comprovação de seus resultados, mas nada lhes é imposto, como atesta o estudante Gabriel Macedo, de 17 anos, aluno do Colégio Santo Antônio.
“É uma experiência muito interessante, pois nos acostumamos com o conhecimento que adquirimos nos livros, já prontos, ou com aquele que os professores nos repassam e só anotamos. Aqui produzimos nosso próprio conhecimento”, afirmou Gabriel, cujo grupo investiga se uma colônia de bactérias se desenvolve melhor em meio aeróbico ou anaeróbico (no vácuo) e os efeitos causados em insetos, como baratas e tenébrios (larva popularmente conhecida como bicho-da-farinha), quando ingerem nicotina em sua alimentação.

Para uma das coordenadoras do projeto, a professora Andréa Mara Macedo, o aspecto mais importante do curso é mostrar a adolescentes e pré-adolescentes que ciência é muito mais interessante do que aquilo que se vê nas escolas e é cobrado nas provas, pois tem pouco a ver com a vida e os interesses dos alunos. “Somos um país que se coloca entre os primeiros em produção de ciência e um dos piores em ensino de ciências. É a nossa produção científica que deve ser ensinada, e isso não ocorre na maioria das escolas”, criticou a professora, atual diretora do ICB.
Agentes multiplicadores
Na semana passada, de 18 a 22 de julho, os laboratórios do ICB receberam professores do ensino médio e fundamental, o que ocorre desde a primeira edição do projeto. O objetivo é contribuir para reverter um cenário - relatado pelos alunos - de baixa frequência de aulas práticas.
Em Prudente de Morais, município localizado na região de Sete Lagoas, pelo menos uma escola tem alcançado progressos para reverter esse quadro, graças a um professor que participou das oficinas em várias edições. “Ele implantou uma nova filosofia de ensino em sua escola. Os alunos de lá foram premiados e irão se apresentar na mostra de inovação da Fapemig [em agosto]. Esse é o diferencial da iniciativa. Você ‘contamina’ um professor, e ele, sozinho, é capaz de ‘contaminar’ vários alunos. Os professores são multiplicadores da ideia”, define a coordenadora.
Nesta sexta-feira, 29, as experiências desenvolvidas ao longo da semana serão apresentadas em um simulado de congresso, em formato de pôsteres científicos.
A TV UFMG também acompanhou as atividades do projeto. Assista à reportagem: