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Outubro Rosa: prevenção e diagnóstico do câncer de mama sofrem baque durante a pandemia

‘Diagnóstico parou de ser feito ano passado e isso impacta no tratamento e na evolução da doença, podendo levar até à maior taxa de mortalidade’, afirma a mastologista Nayara Carvalho de Sá

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O câncer de mama é a principal causa de morte por câncer no sexo feminino, mas tem altas taxas de cura
quando detectado em sua fase inicial Marcella Marques/SES MG

O Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de mama, tem o objetivo de reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença. Neste ano, a campanha adquire papel ainda mais importante, já que a emergência sanitária da covid-19 desestimulou a procura pelos serviços de detecção da enfermidade.

Um levantamento do Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) realizado em setembro, mostra que cerca de 47% das mulheres no Brasil deixaram de marcar consultas com ginecologistas ou mastologistas devido à pandemia. Por sua vez, o Instituto Nacional de Câncer (Inca), estimou 66 mil novos casos de câncer de mama por ano no período de 2020 a 2022, cerca de 8 mil deles em Minas Gerais.

De acordo com as sociedades Brasileiras de Patologia e Cirurgia Oncológica, a suspensão de procedimentos classificados como não urgentes e o medo de infecção pelo coronavírus por parte dos pacientes poderiam fazer com que 50 mil novos casos da neoplasia no Brasil deixassem de ser diagnosticados nos primeiros meses de 2020. Além dos riscos decorrentes do atraso na detecção, especialistas indicam que esse impacto também vai aumentar a demanda pós-pandemia.

Nessa segunda-feira, 4, o programa Conexões teve como convidada a médica mastologista do Hospital Alberto Cavalcanti Nayara Carvalho de Sá para falar mais sobre as consequências da pandemia no diagnóstico precoce do câncer de mama. Em entrevista, a médica reforçou a importância da atenção a situações que acontecem na mama e podem ser um sinal do câncer, como um "caroço palpável, alteração do mamilo, saída de secreção estranha e até mesmo alguns nódulos na axila". Ela destacou o papel do autoexame no combate à doença, mas lembrou que o acompanhamento médico e os exames não podem ser dispensados e enumerou outros fatores de risco para a doença, que envolvem alimentação e falta de atividade física.

Para a profissional, a diminuição da busca pelo serviço de diagnóstico tem sido a maior preocupação no momento. Segundo a mastologista, "em 2020, o que a gente viu é que muitas mulheres deixaram de fazer a mamografia. Eu trabalho em clínicas de imagem, como ultrassom e mamografia, e hoje eu estou recebendo, nas clínicas, muitas pacientes que o último rastreamento foi feito em 2019, ou até antes. O diagnóstico parou de ser feito ano passado e isso impacta no atraso do tratamento e na evolução da doença, podendo levar a uma maior taxa de mortalidade, impacto na sobrevida e na morbidade desta paciente".

Ouça a entrevista completa no SoundCloud.

É importante reforçar que pessoas transsexuais também podem desenvolver a doença e precisam se consultar regularmente. A mamografia anual, que pode auxiliar na detecção precoce, é recomendada pela Sociedade Brasileira de Mastologia a mulheres cis e homens trans que não retiraram as mamas a partir dos 40 anos.

O Hospital Alberto Cavalcanti, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), oferece atendimento médico especializado no tratamento do câncer e atende a todos os tipos, com exceção dos de sangue. O hospital fica no bairro Padre Eustáquio, em Belo Horizonte. Mais informações no site da Rede Fhemig

Produção: Enaile Almeida, sob orientação de Hugo Rafael e Alessandra Dantas
Publicação: Carlos Ortega, sob orientação de Alessandra Dantas