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Pane nas plataformas ligadas ao Facebook gera debate sobre dependência e monopólio

“Que se possa usar cada vez mais a internet de maneira expandida”, recomenda o professor da UERJ Carlos Affonso Souza, enfatizando que a rede mundial de computadores vai muito além das redes sociais

Chamou a atenção do pesquisador o fato de não haver um plano de contenção para evitar que problemas internos do Facebook causem danos globais
Chamou a atenção do pesquisador o fato de não haver um plano de contenção para evitar que problemas internos do Facebook causem danos globais Pexels

Uma pane nas redes sociais do Facebook deixou os serviços fora do ar nessa segunda-feira, 4, evidenciando uma dependência mundial da companhia. O problema que afetou WhatsApp, Instagram, Facebook e Facebook Messenger paralisou as atividades de mais de 2,7 bilhões de pessoas que utilizam pelo menos uma das redes, de acordo com relatório divulgado em julho pelo próprio Facebook. Foram cerca de seis horas de interrupção e, no Brasil, os serviços voltaram ao normal durante a noite. Em nota, a companhia anunciou que a causa principal foi uma alteração de configuração incorreta e garantiu que não há evidências de que os dados dos usuários tenham sido comprometidos durante o período de inatividade. O episódio trouxe à tona discussões sobre o papel que as plataformas do Facebook exercem no funcionamento da internet e a necessidade de quebra do domínio da empresa de Mark Zuckerberg no âmbito das redes sociais.

Para entender melhor as causas da pane e falar sobre os efeitos do domínio do Facebook em várias esferas, o programa Conexões dessa quinta, 7, contou com a participação do diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS Rio) e professor de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Carlos Affonso Souza. O pesquisador afirmou que todos, especialistas e leigos, viram a pane com grande surpresa e que chamou atenção o fato de um problema no sistema interno do Facebook ter afetado os serviços globalmente, evidenciando que não há um plano de contenção para esse tipo de falha.

A entrevista passou pelo combate às fake news que são disseminadas pelas plataformas. Para o especialista, esse problema deve ser combatido em várias frentes, como a jurídica, a econômica e a educativa, mas todos os esforços serão em vão se as empresas não criarem ferramentas para um combate mais efetivo. O professor analisou ainda a importância desses serviços na sociedade e a dependência que todos têm delas em vários níveis. Apesar de todo o poderio do Facebook, Carlos Affonso Souza destacou que no mundo virtual as mudanças são muito dinâmicas, lembrando que há poucos anos a principal plataforma era o Orkut, que já não existe mais.

Aos usuários, o docente recomendou explorar a internet, que vai muito além das redes sociais. “Que se possa trabalhar e usar cada vez mais a internet de maneira expandida. Por mais confortável que sejam essas redes e por mais que você estabeleça o seus afetos, as suas comunicações, a sua própria visão do que acontece no mundo através da sua rede social de preferência, é sempre bom entender que a internet vai além do seu aplicativo de preferência e que você possa também explorar essas alternativas, saber que elas existem e eventualmente vir a utilizá-las numa situação em que o seu canal de preferência esteja indisponível seja lá por qualquer condição. E fica aqui um convite para todos: fazer uma investigação sobre os seus hábitos de navegação e de utilização da internet. De uma certa forma, esse apagão que tivemos diz muito sobre as técnicas de gestão e segurança da informação na empresa, mas também diz muito sobre a gente”, alertou.

Ouça a entrevista completa pelo Soundcloud.

Produção: Enaile Almeida e Nicolle Teixeira, sob orientação de Hugo Rafael e Alessandra Dantas
Publicação: Alessandra Dantas