Ensino

Papel social da educação a distância é destacado em colóquio na UFMG

Mesa de abertura com o diretor de EaD, Wagner Corradi, o reitor Jaime Ramírez e o diretor do IEAT, Estevam Las Casas
Mesa de abertura com o diretor de EaD, Wagner Corradi, o reitor Jaime Ramírez e o diretor do IEAT, Estevam Las Casas Foca Lisboa / UFMG

A educação a distância, seus desafios e potencialidades estão em debate nesta semana, no colóquio Desafios da educação superior e EaD, sediado no auditório da Reitoria, no campus Pampulha. Promovido pelo Instituto de Estudos Avançados Interdisciplinares (IEAT), em parceria com o Centro de Apoio à Educação a Distância (Caed), o evento reúne especialistas nacionais e internacionais sobre temas ligados à modalidade, como o uso da tecnologia no processo de ensino, acessibilidade e as normas de regulamentação da EaD no Brasil. Cerca de 200 pessoas acompanharam as discussões do colóquio em seu primeiro dia (18 de abril). 

Na abertura do evento, o reitor Jaime Ramirez destacou o papel da educação a distância como meio de possibilitar o acesso ao ensino superior a grupos historicamente excluídos. “Esse é o papel de uma universidade, especialmente de uma universidade pública, que abre suas portas a todos e que compreende a sua relevância social”, disse.

Desde a implantação dos cursos a distância, em 2008, a UFMG formou e qualificou cerca de 20 mil profissionais, sendo 1 mil graduados e 19 mil por capacitações em extensão, aperfeiçoamento e atualização.

O reitor lembrou, ainda, o processo de institucionalização da EaD na Universidade, desde as primeiras iniciativas, empreendidas pela Faculdade de Educação, na década de 1970, até a criação do Caed, em 2003. E citou ações mais recentes, como a regulamentação da oferta de disciplinas a distância nos cursos presenciais, em 2016, que atestam o fortalecimento da modalidade na Universidade.

“Nesses 90 anos, a UFMG valoriza tudo aquilo que qualifica, consolida e melhora a produção científica e a transformação social. No entanto, também temos que olhar para o futuro e construir as bases que manterão essa instituição”, projeta.

Apenas ensino
As tecnologias de informação e de comunicação, utilizadas de forma intensa pela EaD, têm sido empregadas com cada vez mais frequência pelo ensino presencial nos últimos anos, num movimento de convergência entre as modalidades. Essa tendência tem sido observada também na UFMG, na avaliação do professor Wagner Corradi, diretor de EaD.

“Esse é um sonho meu: que se pare de falar em ensino presencial e a distância e se fale apenas em ensino, porque não importa como se faz, mas, sim, que os interesses sejam os mesmos: ensinar e aprender”, disse, durante a abertura do evento.

Ainda ontem, a professora Juana Sancho [foto abaixo], da Universidade de Barcelona, problematizou os preconceitos ligados aos ensinos presencial e a distância, questionando algumas das ideias comuns sobre a EaD, como seus supostos baixos custos e investimento de tempo. “Hoje, não importa como você estudou, mas, sim, o que sabe fazer e o que está disposto a aprender. Isso não é decorrência de título acadêmico".

Juana Sancho: importa o que alguém sabe fazer e está disposto aprender
Juana Sancho: importa o que alguém sabe fazer e está disposto aprender Foca Lisboa / UFMG

Acessibilidade

A relação entre tecnologia, acessibilidade e educação a distância reuniu, em mesa-redonda, as professoras Sheilla Brasileiro, da PUC Minas, e Mára Lúcia Carneiro, da UFRGS, com mediação do professor Fernando Fidalgo, da FaE. Além das discussões sobre o potencial inclusivo da tecnologia para pessoas com deficiência, os participantes da mesa defenderam a necessidade de preparar a estrutura da EaD para atender às demandas desse público, que chega a 24% da população brasileira, de acordo com o censo do IBGE de 2010.

“A tecnologia pode ser um facilitador na inclusão no ensino superior, mas é preciso investir na formação continuada do professor e dispor de equipe multidisciplinar para atender à diversidade, com intérpretes, fonoaudiólogos e psicólogos”, justificou Sheilla Brasileiro.

O evento prossegue nesta quarta-feira, com discussões sobre marco regulatório na EaD, conferências sobre a experiência da universidade aberta de Portugal e perspectiva para a formulação de uma política de Estado para o ensino a distância. 

A iniciativa integra a série Colóquio Educação Superior, promovida pelo IEAT, que estimula discussões sobre os desafios do ensino superior público. “É um debate importantíssimo neste momento tão delicado que enfrentamos”, disse o diretor do IEAT, professor Estevam Las Casas.

Com Assessoria de Comunicação do Caed