Pesquisa da UFMG traz avanços sobre febre amarela e sobre lesões no fígado
Biópsias de células hepáticas de pacientes afetados pelo vírus permitiram aos pesquisadores diagnosticar os diferentes níveis de danos ao fígado
Segundo o último balanço do Ministério da Saúde, entre julho de 2017 e junho de 2018 foram confirmados 1.376 casos de Febre Amarela no Brasil, dos quais 483 resultaram no óbito das vítimas. Os dados representam um aumento de quase 77% em registros da doença e de 84% em mortes, se comparados aos anos 2016 e princípio de 2017. A expressividade dos números motivou pesquisadores do Liver Center UFMG e médicos do Hospital Felício Rocho a desenvolverem estudo transdisciplinar sobre o tratamento de lesões hepáticas pelo vírus da Febre Amarela.
Os estudos, que tiveram início no primeiro semestre de 2018, identificaram a existência de uma mudança na via de sinalização das células infectadas, o que possibilitou aos pesquisadores a exploração dessa via como alvo terapêutico para a prevenção e/ou tratamento dos danos hepáticos provocados. A nível clínico, com a equipe médica do Hospital Felício Rocho, da qual faz parte o professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG, Cristiano Xavier, cirurgião geral com especialização em transplante hepático, a pesquisa da fisiologia do fígado e de casos pré e pós-operatórios através de biópsias conflui para um entendimento mais aprofundado sobre as células hepáticas, de uma forma geral: ‘‘O conhecimento que está sendo adquirido com este modelo experimental de acometimento hepático por um vírus, e, especificamente, o da Febre Amarela, pode ser transformado em outros conhecimentos para outras doenças’’, destaca Xavier.
Além disso, outro achado importante do estudo, segundo a pesquisadora Fernanda Lemos, pós-doutoranda do departamento de Fisiologia e Biofísica da UFMG, foi a verificação de que os pacientes com Febre Amarela desenvolvem esteatose, um acúmulo de gordura nas células do fígado: ‘‘Mesmo nos pacientes que se recuperaram da doença de forma natural, a patologia pode, futuramente, impactar na qualidade de vida e no desenvolvimento de outras doenças. Os próximos passos incluem focar nessa descoberta para entender melhor esse processo’’, conclui a pesquisadora.
Confira a reportagem realizada pela TV UFMG:
Entrevistados: Cristiano Xavier, prof. depto. Cirurgia da Faculdade de Medicina/UFMG; Fernanda Lemos, pós-doutoranda do Instituto Ciências Biológicas/UFMG; Maria de Fátima Leite, prof. depto. Fisiologia e Biofísica do ICB/UFMG
Equipe: Leonardo Milagres (produção e reportagem), Cássio de Jesus (imagens), Tatiane Coura (edição de imagens) e Jessika Viveiros (edição de conteúdo)