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Pesquisadora da UFMG fala sobre povos ciganos

Em 24 de maio é celebrado dia dedicado a essa população

No Brasil, cerca de 800 mil a um milhão de pessoas se identificam como ciganos, de acordo com IBGE. A comunidade em Minas Gerais  está representada, em sua maioria, pela etnia Calon. É a mais numerosa e a primeira a chegar ao país,  no século  XVI, como degredados de Portugal. 

Doutoranda de uma tese etnográfica sobre os ciclos de vida em acampamentos ciganos, a pesquisadora do Núcleo de Estudos em Populações Quilombolas e Tradicionais (NuQ/UFMG), Juliana Campos,  tem como principais interlocutoras as  mulheres da etnia Calon do bairro São Gabriel, em Belo Horizonte, além dos municípios de Nova Lima, Ibirité, Barbacena e Conselheiro Lafayete.  Para a  antropóloga criou-se estereótipos socialmente negativos sobre os ciganos que  ainda hoje  são poucos estudados pela academia.

O   casal  Calon  Sueli e Toninho Amaral, em entrevista à TV UFMG, relatam que os povos ciganos ainda sofrem  preconceitos.  "A gente tem orgulho da nossa cultura. Entretanto, é preciso " tirar da cabeça"  que nós somos ladrões de crianças. A gente só quer  que nos vejam como outros olhos", afirmam. 

O pouco conhecimento que, segundo a pesquisadora Juliana Campos, não se restringe aos estudos acadêmicos também se estende às pesquisas demográficas como, por exemplo, o  IBGE, que ainda não considerava os ciganos como uma etnia no Censo 2010. Entretanto, o órgão mapeou, pela primeira vez, em 2011, os acampamentos que existem no Brasil a partir das informações fornecidas por gestores municipais. De acordo com o levantamento, 849 cidades brasileiras possuem acampamentos. A maioria deles (372) está em 293 municípios do Nordeste. Na região Sudeste, Minas Gerais é o estado com maior número: 175 acampamentos em 127 cidades mineiras.

Entrevistados:  Juliana Campos - antropóloga NuQ/UFMG; Sueli Amaral - cigana Calon/Nova Lima; Toninho Amaral - cigano Calon/Nova Lima

Equipe: Soraya Fideles (produção e reportagem), Cássio de Jesus (imagens), Bruna Araújo (arte), Kennedy Sena (edição de imagens) e Pablo Nogueira (edição de conteúdo).