Pecuária intensiva é chave para aumentar produção de carne e reduzir emissões
Em artigo, professores da UFMG veem como insustentável a estratégia de reformar pastagens degradadas
O rebanho bovino brasileiro, segunda principal fonte de emissão de gases de efeito estufa no país, é também o segundo maior do mundo, com mais de 213 milhões de animais, de acordo com a Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE de 2018. “Embora sejamos os maiores exportadores de carne bovina no planeta, nossa produtividade é baixa, se considerado o tamanho do rebanho e do território usado nas pastagens”, afirma o professor Britaldo Soares-Filho, do Departamento de Cartografia do IGC.
Impulsionado pela demanda da China pela carne bovina brasileira – o país asiático recentemente perdeu 40% da sua criação de porcos em razão da peste suína –, o Brasil pretende aumentar a produção nacional, saltando de 9 para 12 milhões de toneladas anuais de carcaça. Segundo Britaldo Soares-Filho, o cumprimento dessa meta passaria pela reforma de 30 milhões de hectares de pastagens degradadas – estratégia que, em sua avaliação, é ambientalmente insustentável. “As pastagens já ocupam quase 25% do território do país. Um foco apenas na reforma vai incentivar o crescimento do rebanho”, prevê o professor.
Para ele, um “mix de estratégias” fundamentadas na pecuária intensiva – método que prescreve o abate do gado com menos tempo de criação – seria a solução para alavancar a produção e proteger o meio ambiente e reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
Britaldo Soares é coautor do artigo Large-scale pasture restoration may not be the best option to reduce greenhouse gas emissions in Brazil, publicado em dezembro de 2019 no portal IOPScience. “Reunimos o conhecimento de muitos especialistas em um sistema computacional, com o qual é possível simular diferentes estratégias de manejo. Não basta só reformar as pastagens, é preciso aplicar um conjunto de estratégias para potencializar os resultados”, observa.
As principais conclusões do artigo são abordadas em matéria publicada na edição 2.086 do Boletim UFMG.