A pós-doutoranda Fabiana Pereira de Sousa, vinculada ao Departamento de Química da UFMG, conquistou o primeiro lugar na categoria Programa de Formação de Recursos Humanos (PRH) do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica 2024. Seu artigo, Catalytic pyrolysis of vegetable oils over NbOPO₄ for SAF and green diesel production, trata da produção de um combustível de origem vegetal, uma alternativa ao querosene de aviação, derivado do petróleo.

A premiação é uma iniciativa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que visa reconhecer e premiar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) de interesse do setor, além de personalidades da indústria e da academia que tenham gerado contribuições relevantes para a área.

Reconhecimento 
Em cerimônia realizada no Rio de Janeiro no início deste mês, a edição 2024 premiou seis categorias de projetos na área de PD&I, duas de personalidades do setor e uma de trabalhos do Programa de Formação de Recursos Humanos (PRH) da ANP, que teve 71 inscritos. O artigo de Fabiana Sousa foi finalista da categoria ao lado de duas teses de doutorado de estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Em depoimento feito às redes sociais da ANP, Fabiana Sousa ressaltou a importância do projeto para a área de combustíveis, transição energética e de petróleo e gás. “O Programa de Formação de Recursos Humanos fornece essa oportunidade de formar pessoas nessa área e de desenvolver projetos fantásticos – não só no caso do ganhador do prêmio, mas de todos os outros que fazem parte do programa. São projetos importantes, que vão, certamente, contribuir para o desenvolvimento do país a curto, médio e longo prazo”, disse.

Alternativa sustentável
O trabalho, que trata da produção de Combustível de Aviação Sustentável (SAF) e de diesel verde, foi desenvolvido no Laboratório de Ensaio de Combustíveis (LEC) da UFMG, sob a orientação da professora Vânya Márcia Duarte Pasa, professora do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas (ICEx) da UFMG. No estudo, biohidrocarbonetos foram obtidos a partir dos óleos vegetais da palma (polpa e amêndoa) na faixa de destilação da gasolina, do diesel e do querosene de aviação, utilizando o fosfato de nióbio (NbOPO₄) como catalisador.

O desenvolvimento de rotas para produção de SAFs é uma das áreas mais desafiadoras na pesquisa de biocombustíveis da atualidade. Os biohidrocarbonetos são apontados como uma alternativa sustentável para redução das emissões de gases de efeito estufa. “É um privilégio ganhar este prêmio. É uma 'assinatura' de que a gente está no caminho certo, desenvolvendo projetos relevantes. Assim continuaremos!”, disse a pós-doutoranda.

Formação e pesquisa
Fabiana Pereira de Sousa é bacharel em Química pela UFMG, onde deu continuidade aos estudos com mestrado e doutorado em Ciência Química. Em sua monografia, trabalhou com catálise heterogênea para a síntese de biodiesel, projeto que seguiu durante o mestrado, em que desenvolveu metodologias alternativas para a quantificação de biodiesel.

No doutorado, Fabiana produziu biocombustíveis drop in (biohidrocarbonetos) na faixa da gasolina, do diesel e do querosene para aviação a partir de catalisadores comerciais. 

De 2010 a 2012, ela também foi tutora do curso de Licenciatura em Química da UFMG. Em 2016, participou do desenvolvimento de pesquisas relacionadas à transformação de biomassa no Instituto Senai de Inovação Biomassa. Também foi pesquisadora visitante do Programa de PRH em Química de Biocombustíveis na UFMG nos anos de 2017 e 2018.