Professores relatam desafios e estratégias para ensino remoto emergencial
Em mais um fórum do Programa Integração Docente, participantes destacaram colaboração com estudantes e o aprendizado sobre o novo formato
O ensino remoto emergencial (ERE) é realidade na UFMG há um mês. Ontem (quarta, 2), a mediação pedagógica foi tema do 8° Fórum on-line do Programa Integração Docente, parte de uma série que passou, em uma segunda fase, a tratar dos desafios relacionados ao novo contexto.
A pró-reitora de Graduação, Benigna Oliveira, disse que o momento tem exigido paciência, solidariedade, compreensão e entusiasmo e que acredita que os desafios têm sido vencidos à medida que aparecem. Benigna lembrou, ao se referir aos objetivos do encontro, da necessidade de uma reflexão sobre como estabelecer relações mais próximas e como ir além da questão da transposição do presencial para o remoto. “É importante pensar em como contribuir para a formação dos nossos estudantes numa situação tão especial, tão excepcional. E, também, em como vamos contribuir para a nossa formação como docentes, para que, passada esta fase, nós sejamos professores melhores”, disse.
Benigna Oliveira ainda mencionou três ações que estão sendo realizadas pela Prograd: o Programa para o Desenvolvimento do Ensino de Graduação (PDEG), o processo de monitoramento e avaliação do ensino remoto emergencial e a sessão especial aberta na Revista Docência do Ensino Superior, que recebeu 100 artigos.
Dicas
A professora emérita Vera Menezes, da Faculdade de Letras, compartilhou sua experiência partindo de um artigo que tem ajudado a nortear sua prática pedagógica. Os autores analisaram como as pessoas se projetam nas interações nos encontros on-line e dividiram a forma dessa projeção por meio da linguagem em três tipos: presença cognitiva, instrucional e social.
Com base nessa classificação, Vera deu dicas de como fazer a mediação on-line, como esclarecer dúvidas de estudantes durante os encontros e não individualmente – para que a explicação beneficie a todos com a mesma dúvida – e recomendou montar grupos de interação que não sejam muito grandes, para que os estudantes consigam acompanhar. Segundo a professora, é importante também estimular o estudante a levar suas leituras e sua interpretação sobre os temas trabalhados na interação com os colegas e propiciar momentos para que discente e docente “mostrem que estão ali, compartilhando o que está sendo realizado”.
Vera Menezes falou do uso dos termos ensino emergencial e educação a distância. “Não gosto do termo ensino emergencial, prefiro dizer educação a distância mesmo ou ensino on-line, até porque acho que nossos colegas estão se saindo maravilhosamente bem. Não é verdade que só quem tem experiência, que trabalha há muito tempo, pode fazer um trabalho bom”, falou.
Planejamento
“Fui observador, comecei a vasculhar o que as pessoas estavam fazendo”, relatou o professor Eugênio Tadeu, da Escola de Belas Artes (EBA), com relação ao ensino remoto emergencial. Ele ressaltou que dispor de tempo para se preparar para esse formato foi fundamental, pois precisou, por exemplo, aprender a lidar com plataformas, como Zoom e Meet, que ele mal sabia que existiam.
Segundo Eugênio Tadeu, a EBA optou por não ter aulas práticas, por considerar que a presença física, nesses casos, é fundamental. Mas foram oferecidas disciplinas optativas que atraíram o interesse de muitos estudantes.
Ele contou que, na primeira aula que deu, fez questão de dizer aos estudantes que era iniciante no novo formato e que precisaria da ajuda deles. “A forma como desses estudantes estão colaborando é maravilhosa. Não posso reclamar de nada”, disse Tadeu, acrescentando que ainda está aprendendo sobre esse novo universo, que considera instigante.
Dimensões da mediação
Lorena Tavares, professora da Escola de Ciência da Informação, abordou três dimensões que, ela acredita, interferem no ensino remoto emergencial: a educacional-pedagógica, a sociocultural e a tecnológica. No primeiro caso, trata-se de criar os meios necessários do ponto de vista pedagógico para que os sujeitos desenvolvam os novos saberes. Quanto à segunda dimensão, ela lembrou que na sala de aula o ambiente é programado para o aprendizado, mas no ensino remoto há uma mistura de ambientes que não são necessariamente adequados. Por fim, ela ressaltou que o ambiente tecnológico é visto, muitas vezes, como um espaço de entretenimento – é novo como lugar de aprendizado.
Lorena relatou desafios que têm surgido na sua rotina, como o fato de que há estudantes que colaboram e outros que estão distantes, as diferenças entre ensino remoto e técnicas para educação a distância e a adaptação das aulas presenciais para o modo remoto, que exige estratégias para melhorar a interação.
“Como estratégia de ensino, tenho trabalhado com o que se chama aprendizagem por projeto. Retomamos as aulas e adaptei atividades que eu dava no final do semestre, como elaboração de projetos de extensão bibliotecária ou elaboração de uma curadoria digital. Apresentei esses projetos no início e programei todas as minhas aulas e atividades posteriores a essas aulas de acordo com esse projeto”, explicou Lorena Tavares. “A cada aula, procuro ensinar uma parte do conteúdo e conectar com o que os alunos deverão apresentar no final do semestre.
O 8º Fórum pode ser assistido no canal da CAC no YouTube.