Um debate sobre ajuda assistencial na chamada Cracolândia, no centro da cidade de São Paulo, ganhou repercussão nos últimos dias. Em entrevista ao Portal UOL, o padre Júlio Lancellotti, que atua com a Pastoral do Povo da Rua de São Paulo, denunciou que a Polícia Militar paulista tentou impedir a distribuição de comida para as pessoas em situação de rua na região. No último fim de semana, a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL) usou suas redes sociais para comentar a reportagem e criticar a atuação de Lancellotti. Na publicação, ela defendeu que as ações assistencialistas direcionadas aos moradores da Cracolândia ajudam o crime. A deputada afirmou ainda que o padre Júlio Lancellotti ajudaria, "de verdade", se “convencesse seus assistidos a se tratarem e irem para os abrigos”. 

As críticas da deputada Janaína Paschoal reacenderam o debate nas redes sociais, resultando também no aumento das doações de cidadãos à Pastoral do Povo de Rua, em apoio ao trabalho do padre Júlio Lancellotti.  

Nesta terça-feira, 10, o professor André Luiz Freitas Dias, do Departamento de Psicologia e coordenador do programa Polos de Cidadania da UFMG, foi convidado para falar sobre o assunto no programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa. Durante a conversa com a jornalista Luíza Glória, o professor explicou o que é o higienismo, abordou a negligência governamental em relação às pessoas em situação de rua e destacou a importância de políticas públicas. 

“Na média nacional, 91% da população em situação de rua no país encontra-se em posição de pobreza ou extrema pobreza. São famílias de renda per capita de até R$ 89 mensais. Nós precisamos de medidas muito urgentes: ampliar os espaços de acolhimento, espaços descentralizados e de políticas públicas estruturais”, defendeu.

Ouça a entrevista no Soundcloud

Produção: Laura Portugal, sob orientação de Luíza Glória
Publicação: Flora Quaresma, sob orientação de Hugo Rafael