Ensino

Projetos universitários ensinam Libras para melhorar atendimento médico da comunidade surda

Iniciativas da UFMG e da PUC Minas oferecem conteúdo em vídeo sobre a Língua Brasileira de Sinais para profissionais de saúde

Projeto ‘Um Sinal Basta’, da Faculdade de Medicina da UFMG, publica vídeos novos todo sábado
Projeto ‘Um Sinal Basta’, da Faculdade de Medicina da UFMG, publica vídeos novos todo sábado Reprodução/Instagram daab.ufmg

A capacitação de profissionais da saúde para atender pessoas com alguma deficiência auditiva é essencial para um atendimento médico inclusivo. Em muitos desses casos, a comunicação entre paciente e médico se dá por meios como a escrita, a leitura labial ou com a ajuda de intérpretes. Porém, esses métodos não funcionam sempre. Não são todos da comunidade surda que são familiares com a leitura labial ou tem o português como primeira língua. Além disso, intérpretes nem sempre são disponibilizados pelas instituições onde ocorre o atendimento. Por isso, o ideal é que essa comunicação seja feita pela Língua Brasileira de Sinais (Libras). 

Para ensinar os profissionais da saúde a lidar melhor com situações como essa, foram criados os projetos Um Sinal Basta, do Diretório Acadêmico Alfredo Balena, da Faculdade de Medicina da UFMG, e Mãos que Comunicam, do Diretório Acadêmico Horizontal de Medicina da PUC Minas. Ambos foram lançados em 2020 e atuam disponibilizando pequenas vídeo-aulas direcionadas ao profissional da saúde, buscando ensinar alguns sinais da Libras que podem ajudá-lo.

O programa Expresso 104,5 desta quarta, 9, apresentou duas entrevistas. A primeira foi com a estudante de Medicina da UFMG Luana Dornelas, organizadora do projeto Um Sinal Basta. A aluna do 5º período contou ter a percepção de que a acessibilidade a pessoas surdas era um assunto pouco abordado desde que entrou na faculdade e quando ela passou a integrar o D.A. teve a ideia da iniciativa.

Não houve dificuldade em encontrar pessoas para participar, pois muitos graduandos tinham conhecimento básico em Libras. Luana considerou ser fundamental o ensino da Língua, pois mesmo com o direito a intérpretes em serviços de saúde garantido por lei, nem sempre eles estão presentes. Além disso, há situações em que o surdo não confia no intérprete e quer ter contato apenas com o profissional de saúde, como em uma consulta ginecológica.

A acadêmica também detalhou o desenvolvimento do projeto. “Começamos ensinando o básico, expressões como ‘oi’, ‘boa tarde’, ‘bom dia’, ‘tudo bem?’, e depois fomos para palavras da área da saúde, palavras que estão relacionadas a sintomas, a doenças e especialidades médicas. Fazemos vídeos simulando consulta entre os próprios alunos que fingem ser médico e  paciente para mostrar que por mais que se saiba só o básico, isso facilita muito a comunicação”, resumiu.

Na sequência, a conversa foi com o estudante de Medicina da PUC Betim Gustavo Morais, que criou com a colega Noele Queiroz o projeto Mãos Que Comunicam, inspirado na iniciativa da UFMG. O aluno, que é surdo oralizado, levantou a discussão da inclusão dos deficientes auditivos na área da educação médica quando passou a integrar o movimento estudantil. Ele comentou sobre a adesão dos graduandos do curso de Medicina.

“Muitas pessoas se incomodaram com a ignorância diante desse tema. Eles perceberam que realmente precisam aprender Libras para promover o melhor atendimento porque podem aparecer pacientes com deficiência auditiva que usem Libras como primeira língua. Como que eles vão se comunicar? Afinal, o objetivo do médico é promover a cura e se ele não está possibilitado a se comunicar com esse paciente surge um obstáculo. Então, isso mexe muito com eles”, concluiu.

Mais informações sobre os projetos e os vídeos de cada iniciativa podem ser acessados nos perfis do Instagram do Diretório Acadêmico Alfredo Balena, da Faculdade de Medicina da UFMG, e do Diretório Acadêmico Horizontal de Medicina da PUC Minas.

Produção: Alexandre Miranda e Filipe Sartoreto
Publicação: Alessandra Dantas