Arte e Cultura

Escritor refugiado acolhido pela UFMG participa de debate no Sesc Palladium

Congolês Felix Kaputo se fixou no Brasil graças a acordo com entidade internacional

Felix Kaputu: refúgio do escritor na UFMG ocorreu devido à adaptação do convênio padrão proposto pelo Icorn, uma vez que as parcerias são geralmente estabelecidas com cidades
Felix Kaputu foi acolhido pela UFMG
Carol Prado / UFMG

As dificuldades enfrentadas pelos artistas refugiados serão abordadas no debate Viver em liberdade: o artista em risco, que será realizado hoje, a partir das 19h30, no Espaço Multiuso do Sesc Palladium. O debate vai contar com a participação de Felix Kaputu, artista refugiado do Congo, Sylvie Debs, fundadora da organização Casas Brasileiras de Refúgio (CABRA), e Lucia Castelo Branco, professora da Faculdade de Letras da UFMG.

Segundo Debs, os participantes do debate pretendem esclarecer o conceito de refugiado. Ela esclarece que esse conceito acaba sendo usado de maneira equivocada quando se trata dos artistas que migram em busca de novos locais para fixar residência e produzir. “Neste caso, a ideia de refúgio remete ao conceito criado pelo filósofo Jacques Derrida, que fazia referência ao exílio e ao deslocamento. O artista refugiado busca mais que abrigo. Portanto, a ideia de refúgio aqui deve remeter à proteção desses artistas, e não somente à fuga”, explica.

Universidade-refúgio

Ela acrescenta que os participantes da mesa vão desenvolver o conceito de “cidade-refúgio” de Derrida, relacionado-o à criação do conceito de “universidade-refúgio”. “Dante Alighieri foi expulso de Florença e precisou se refugiar em Paris para continuar escrevendo. O mesmo ocorre agora com Felix Kaputu, escritor congolense acolhido pela UFMG. Se Dante foi recebido por uma cidade-refúgio, Kaputu recebeu a ajuda da universidade-refúgio. É uma mudança conceitual que pode transformar o modo como esses artistas emigram e se relacionam com os espaços que os recebem”, diz.

Felix Kaputu vai relatar sua experiência no debate. O escritor chegou ao Brasil em junho desde ano, por meio de acordo entre a UFMG e a International Cities of Refuge Network (Icorn), rede de cidades e regiões que recebe escritores e artistas refugiados que sofrem com a falta de liberdade de expressão em seus países de origem. Há 11 anos, Kaputu foi obrigado a deixar seu país, onde trabalhava como escritor, pesquisador e professor universitário. A trajetória do escritor foi tema de matéria publicada no Boletim UFMG.

O debate terá entrada franca. O Sesc Palladium fica na avenida Augusto de Lima, 420, Centro.