Arte e Cultura

Relação entre a retórica de Chico Buarque e a dos barrocos é tema de palestra

Assunto será debatido nesta terça-feira por pesquisadores da Escola de Música da UFMG

Tom Jobim e Chico Buarque durante o Festival Internacional da Canção (FIC), em 1968
Tom Jobim e Chico Buarque durante o Festival Internacional da Canção (FIC), em 1968 Domínio Público / Arquivo Nacional / Ministério da Justiça

Os pesquisadores Robson Bessa, residente pós-doutoral na Escola de Música da UFMG, e Alfredo Torres, doutorando em Música na mesma Unidade, ministram nesta terça-feira, 28, a palestra A retórica e a teoria dos afetos: do Barroco a Chico Buarque, no âmbito das Jornadas de Retórica e Argumentação promovidas pelo Grupo de Pesquisa Retórica e Argumentação, formado por especialistas das faculdades de Letras (Fale) e de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich). A atividade será realizada no auditório 2003, da Fale, a partir das 14h.

Os palestrantes farão uma análise da canção Retrato em branco e preto, composta por Tom Jobim (melodia) e Chico Buarque (letra) na perspectiva da relação entre retórica literária e musical. De acordo com os organizadores do evento, a maior revolução da linguagem na história da música foi gestada no fim do século 16, com a criação da Monodia (melodia acompanhada), resultado da aplicação da retórica literária. Essa foi a base da retórica musical, que buscou representar musicalmente todos os afetos – da alegria ao ódio extremo. A nova linguagem também foi aplicada à música instrumental que deveria ilustrar, com música, figuras e conceitos retóricos literários. 

"Na canção Retrato em branco e preto, Chico Buarque fez o processo inverso, encontrando figuras retórico-literárias com base em melodia composta por Tom Jobim, dialogando com as figuras retórico-musicais criadas pelos barrocos quatro séculos antes”, afirmam os organizadores, no texto de apresentação do evento.

Palestrantes
Robson Bessa é doutor em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela Faculdade de Letras da UFMG, com estágio doutoral na Universidade Oriental de Nápoles, na Itália. É mestre em Musicologia pela Escola de Música da UFMG e especialista em cravo pela Universidade de Montreal, no Canadá.

Alfredo Torres é doutorando em Música pela UFMG, mestre em Letras pela Universidade Estadual do Piauí, com dissertação sobre a relação entre música e palavra em Chico Buarque e Tom Jobim, e professor do Instituto Federal do Piauí (IFPI).