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Relatório final da CPI da Covid sugere indiciamento de duas empresas e 66 pessoas

Na próxima terça-feira, 26, parecer será votado e, em caso de aprovação, será entregue às autoridades competentes, para indiciamento dos citados

Senador Renan Calheiros, relator da CPI, durante leitura do relatório final
Senador Renan Calheiros, relator da CPI, durante leitura do relatório final Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O relatório final da CPI da Covid-19 sugere indiciamento de duas empresas e 66 pessoas, entre elas o presidente Jair Bolsonaro e três de seus filhos. O parecer foi apresentado nessa quarta-feira, 20, pelo senador Renan Calheiros, relator da CPI. A proposta de indiciamentos do presidente conta com nove diferentes tipificações de delitos, entre eles o charlatanismo, emprego irregular de verba pública e crimes contra a humanidade. Na véspera da apresentação do texto, foram retiradas as acusações relativas aos crimes de homicídio qualificado e genocídio contra indígenas, que não receberam apoio de outros integrantes da comissão. 

Três filhos do presidente Jair Bolsonaro também estão no relatório: o senador Flávio Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, todos com pedido de indiciamento por incitação ao crime. A lista conta com 66 pessoas, incluindo deputados, empresários, o ministro e o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga e Eduardo Pazuello. As empresas apontadas são a Precisa Medicamentos e a VTCLog. O relator afirmou que a CPI colheu elementos de prova que demonstraram omissão e descaso por parte do governo federal, que agiu de forma não técnica e negligente no enfrentamento à pandemia, expondo a população a risco concreto de infecção em massa e atrasando a aquisição de imunizantes. Na próxima terça-feira, 26, o parecer será votado e, em caso de aprovação, o relatório será entregue às autoridades competentes, como o Ministério Público e a Câmara dos Deputados, para o indiciamento dos citados. 

No programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, desta sexta-feira, 22, o professor da Faculdade de Direito da UFMG José Luiz Quadros de Magalhães, presidente da Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz de Belo Horizonte. O andamento desse processo, segundo o professor, “não se resume a uma questão jurídica. Há um fator político, muito forte, que talvez impeça que esse processo tenha continuidade.”

De acordo com o professor José Magalhães, é fundamental que a sociedade e os veículos de comunicação acompanhem os próximos passos. “É muito importante que a imprensa acompanhe o comportamento da Procuradoria Geral da República e dos outros órgãos públicos e, como já foi dito, do próprio parlamento, que não tem dado prosseguimento às ações de crime de responsabilidade [contra o presidente e agentes do governo federal]”, destacou.

Ouça a entrevista conduzida pela jornalista Luíza Glória.

Produção: Enaile Almeida, sob orientação de Hugo Rafael e Luíza Glória