Arte e Cultura

Rock foi fio condutor dos anseios políticos da juventude dos anos 80

Em tese de doutorado, historiador discute como as canções dialogavam com o contexto da redemocratização do país

Capa do CD 'Ideologia', de Cazuza, de 1988
Capa do CD 'Ideologia', de Cazuza, de 1988 Reprodução

“Que país é este?”, perguntava Renato Russo, da Legião Urbana, num dos maiores sucessos do rock brasileiro dos anos 1980. De diversas formas e pontos de vista, muitos outros compositores e bandas da então nova geração também tentavam entender e discutir o Brasil. As canções dialogavam com a transição política e falavam de uma nova maneira de apropriação da cidade.

“A década de 80 ganhou a fama de década perdida, e os jovens eram tidos como alienados, porque foram criados sob a censura do regime militar e a cultura de massa. Mas não era bem assim, como demonstram as canções críticas, povoadas de personagens que procuravam caminhos para se colocar no mundo público”, afirma o pesquisador Bruno Viveiros Martins, que defendeu, em dezembro, na Fafich, a tese Pro dia nascer feliz: a Nova República e o rock brasileiro na década de 1980.

De acordo com o pesquisador, o rock foi o fio condutor da participação da juventude na vida do país. “As bandas não cantavam apenas o universo dos jovens, os eventos políticos eram abordados no calor da hora. As músicas misturavam bom humor, ironia, crítica ácida e direta, otimismo ou pessimismo, e bebiam em fontes variadas, do reggae ao progressivo e ao punk”, comenta Bruno Viveiros, que compõe a equipe do Projeto República da UFMG. “Em grande parte, por meio do rock, a juventude contribuiu para a democratização do debate no país".

O trabalho de Bruno Viveiros é tema de reportagem publicada na edição 2.045 do Boletim UFMG.