Arte e Cultura

Rui Moreira defende ampliação do acesso às políticas no campo das artes

Atual diretor de Artes Cênicas da Funarte, coreógrafo ministrou conferência no âmbito da programação do 55º Festival de Inverno

Rui Moreira:
Rui Moreira: marcos instituídosFoto: Raphaella Dias | UFMG

Como parte da programação do 55º Festival de Inverno da UFMG, o atual diretor de Artes Cênicas da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Rui Moreira, esteve no Espaço do Conhecimento, na tarde desta terça-feira, dia 25, quando ministrou palestra sobre as ações da instituição na estruturação da política nacional para as artes.

O gestor informou que existem vários processos consolidados — como as escolas livres de arte —, que devem “ser convocados para que se construa uma política, ou um modo regulatório de falar com a sociedade”, a fim de se consolidar boas práticas e melhorá-las, aproximando-as da Constituição Federal. 

Em seu entendimento, a conversão dessas práticas em marcos instituídos gera um pressuposto para pensar “novos e melhores caminhos para o Brasil”. Tal movimento, para Rui Moreira, é especialmente necessário por causa da configuração do país, “de dimensões continentais, e que ainda convive com questões como a fome, as injustiças sociais constantes e a tendência de que pessoas em espaços privilegiados os usem para si”.

“Essa é uma das grandes missões da Funarte neste momento, como possibilidade de recapacitação do staff, do pensamento do servidor público e dos mecanismos. Como a gente absorve a sensibilidade para recriar esses mecanismos? Como enfrentar o desconhecido sem que a gente se perca? São desafios enormes para cada um de nós”, provocou.

Lugar de fluxo
Rui Moreira reforçou o compromisso da instituição com as ideias e iniciativas que podem resultar em soluções para o Brasil. “Compromisso de escutar, articular e, ao mesmo tempo, de tentar entender esse lugar de confluências. A Funarte não é uma instituição de respostas, mas de passagem, de fluxo. Quaisquer dos movimentos e ações que pensamos ou fazemos é consequência das relações estabelecidas com a sociedade”, garantiu.

Por fim, o gestor falou sobre a urgência em facilitar o acesso às políticas culturais para toda a sociedade. “Algo desse Brasil a gente consegue inserir nas nossas conversas. Todos os assuntos dizem respeito a todos no território nacional, ‘do morro ao asfalto’. Na formulação dos editais, desenvolvemos esforços para criar formulários facilitados, já que a linguagem típica desses mecanismos pode afastar as pessoas. Também buscamos lidar com campos de acesso como libras e audiodescrição. Todos esses caminhos estão sendo levados para dentro da Funarte, incluindo a contratação de pessoal, para, de fato, conversar com o Brasil”, detalhou.

Rui Moreira é bailarino, coreógrafo e professor de dança graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Desenvolve investigações sobre a cena, tendo como base o diálogo entre corpos, cultivos e memórias. Atuou como bailarino e coreógrafo em conhecidas companhias brasileiras, como o mineiro Grupo Corpo.

Na sequência, o Espaço do Conhecimento abrigou o lançamento do livro Criatividade e emancipação nas comunidades-rede: contribuições para uma economia criativa brasileira, de autoria de Cláudia Leitão, especialista no tema.

A programação do Festival encerra-se nesta quinta-feira, dia 27.

Matheus Espíndola