Sarandeiros comemora quatro décadas com homenagem aos 95 anos da UFMG
Grupo se apresenta nesta segunda, dia 12, no auditório da Reitoria; repertório inclui danças inspiradas nas culturas africanas e indígenas
O grupo de danças populares brasileiras Sarandeiros, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO), subirá ao palco do auditório da Reitoria na próxima segunda-feira, 12, para apresentar o espetáculo Nos passos do Grupo Sarandeiros: 40+2 anos de histórias. O espetáculo, que integra a programação de comemorações dos 95 anos da UFMG, começa às 19h30.
Nos passos do Grupo Sarandeiros reúne danças concebidas pelo grupo nos últimos 40 anos, principalmente a partir de 1997 quando o professor Gustavo Côrtes, atual diretor da EEFFTO, assumiu a direção da companhia. Segundo ele, a comemoração deveria ter sido realizada em 2020, juntamente com o lançamento de livro e de uma exposição. Devido à pandemia, os planos tiveram de ser alterados.
No ano passado, o livro, enfim, saiu do prelo pela Editora UFMG. Danças do Brasil: nos passos do Grupo Sarandeiros revela parte da trajetória do grupo e de como se tornou um importante instrumento de divulgação da cultura nacional. O espetáculo também marca seu retorno aos palcos após o advento da pandemia.
Manifestações de origem indígenas e africanas no Brasil inspiram a coreografia. Cada dança traz diferentes formas dos trabalhos coreográficos executados pelo grupo, em diálogo constante com novos processos metodológicos de criação, elaborados com base nas experiências práticas e em minuciosa pesquisa de movimentos.
São 50 dançarinos em cena e quatro músicos, que executam ao vivo as canções do espetáculo. A direção geral é de Gustavo Côrtes, com direção artística de Petrônio Alves, e direção musical de Tatá Sympa. A coordenação de ensaios foi feita por Gerson Júnior e Luiza Rallo, e a preparação física, por Diego Marcossi e Mariana Morais.
‘Não paramos no tempo’
De acordo com Gustavo Côrtes, o Sarandeiros tem papel histórico fundamental na divulgação das danças brasileiras, mas nunca deixou de se reinventar. “Não paramos no tempo. Tanto que, no espetáculo dos 40+2, vamos reunir dois grupos: um juvenil e um infantil, porque assim vislumbramos a continuidade do trabalho”, justifica.
Côrtes também diz que o trabalho técnico e artístico do grupo é extremamente apurado. “A gente se inspira e traduz o folclore nas danças populares brasileiras. Temos um cuidado cênico muito grande, um respeito ao trazer a cultura do outro para os palcos”, acrescenta.
Nos anos 1990, o diretor do Sarandeiros passou uma temporada no Pará, onde conheceu e dançou em vários grupos locais. De lá, trouxe algumas danças típicas, como a Lundu Marajoara e as incorporou ao repertório da companhia mineira. Hoje, segundo ele, esse intercâmbio é muito mais fácil: “Na internet, estão disponíveis cerca de 5 mil músicas de Boi Bumbá. Você pode escolher o que quiser. Antes, era muito difícil. A gente tinha que ir lá ou trazer esses grupos para cá”, compara o diretor.
Tributo à tolerância
Por lei, o Estado deve apoiar e incentivar a difusão das manifestações culturais do Brasil. O Sarandeiros participa desse processo ao valorizar as danças do Boi Bumbá, do Amazonas, danças de origens africanas, dos orixás, danças indígenas e de muitas outras culturas.
As tradições constituem a identidade do brasileiro. Esse conhecimento, na avaliação de Cortês, reduz a intolerância com a cultura do outro. “Queremos que as pessoas percebam, com o trabalho do Sarandeiros, o tamanho do Brasil no plano cultural”, afirma o diretor do grupo.
O Sarandeiros está retomando projetos que pararam com a pandemia. Sua atuação em escolas particulares continua, mas ainda não voltou nas escolas municipais, que exigem apoio da Prefeitura.
No mês de agosto, o Sarandoso – braço que abriga pessoas idosas – voltou a se reunir. São mais de 30 idosos, com idades de 60 a 84 anos, e que, segundo Côrtes, estão muito animados com a retomada do projeto.
A caminho do centenário
Na avaliação do diretor, o Sarandeiros materializa a indissociabilidade das dimensões de ensino, pesquisa e extensão da Universidade. O grupo reúne 10 bolsistas e realiza três apresentações na UFMG por ano. Trata-se de um dos maiores projetos artísticos da UFMG em razão de seu tamanho, relevância e longevidade. Côrtes diz que o grupo ficou feliz com o convite para participar das comemorações dos 95 anos: “Dançamos nos 90, vamos dançar nos 95 e, quem sabe, nos 100 a gente não volta?”.