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Situação das ciências humanas e sociais é debatida na SBPC

Cortes na ciência atingem mais as CHSSA

Fachada da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG
Fachada da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG Fafich UFMG | Reprodução

As Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas (CHSSA) sofrem ainda mais com os orçamentos baixos da Ciência, Tecnologia e Inovação. É o que afirmam os especialistas que debatem o assunto em mesa redonda “A situação atual da Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil e seus Reflexos para as CHSSA”, realizada nesta quinta, 26, na 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC). Só para se ter uma ideia, em 2014, último ano informado nos dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), menos de 20% do investimento das bolsas de pós-graduação eram da área de CHSSA, enquanto dados da CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do mesmo ano mostram que os discentes de pós-graduação da área representavam 35% do total. 

O debate é promovido em parceria com o Fórum de Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas, instituição que reúne mais de CINQUENTA áreas, como História, Sociologia, Economia e Direito. "Há um financiamento de menor alcance e mesmo a suspensão de editais, como o edital de ciências humanas e sociais, que era publicado periodicamente pelo CNPq e que neste ano não foi publicado", relata o professor da Faculdade de Educação da UFMG e coordenador do fórum, Luciano Mendes.

As Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas têm uma qualidade mais reflexiva, analisando, por exemplo, as implicações que os avanços das outras áreas têm para a ética e para a sociedade. O professor ressalta que, diferente das áreas que são vistas mais tradicionalmente como áreas de inovação – como a engenharia, a biologia, a química – as CHSSA têm como principal objetivo pensar a sociedade, o ser humano e trazer avanços, por exemplo na política.

A professora de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB), Fernanda Sobral é a coordenadora da mesa de debates, além de ser conselheira da SBPC. Sobral avalia que mesmo que a área nunca tenha presidido a entidade, as CHSSA têm espaço nas discussões. "A participação das ciências humanas está garantida na SBPC, tratando justamente de temas típicos na nossa área. Nós temos um perfil diferenciado, mas também somos ciência", avalia.

Vale lembrar que, nos últimos três anos, o valor dos cortes nos orçamentos das universidades e dos investimentos governamentais na área de Ciência, Tecnologia e Inovação foi de mais de R$ 15,7 bilhões. Os números são do “Tesourômetro”, medidor da campanha Conhecimento Sem Cortes, promovida por professores universitários cientistas, estudantes, pesquisadores e técnicos de diversas instituições envolvidas na área.

Também participam da mesa-redonda “A situação atual da Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil e seus Reflexos para as CHSSA” o professor Fabrício Neves, da UnB, e a professora Daniela Alves de Alves, da Universidade Federal de Viçosa

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