Pesquisa e Inovação

Tese da Face revisita a história do Pensamento Econômico-Ecológico

Corrente é baseada no princípio da finitude dos recursos naturais e na necessidade de melhor distribuí-los

Pensamento Econômico-Ecológico (PEE) não é um termo comum na literatura científica, mas, desde sua origem, no século 19, apresenta-se como argumento em favor de uma mudança sistêmica, que se faz necessária e urgente no enfrentamento dos desafios sociais e ambientais da atualidade. O resgate histórico e filosófico dessa corrente, regida pelo princípio do respeito aos limites biofísicos do planeta, é objeto da tese do pesquisador Marco Paulo Vianna Franco, defendida na Faculdade de Ciências Econômicas (Face). 

Segundo Marco Franco, que elegeu como foco de sua pesquisa o pensamento russo e o conceito de utopismo ecológico, os primeiros 50 anos do desenvolvimento do PEE, entre 1880 e 1930, já revelavam seu fundamento na energética social, combinando diferentes valores, métodos e ideias em uma crítica ecológica à economia convencional. Análogo ao princípio da sustentabilidade, o PEE se baseia nas ciências naturais, especialmente na ecologia, para explicar o limite imposto à exploração humana dos recursos naturais, associando-se também à questão do aprovisionamento social, dadas as suas implicações para a gestão e distribuição desses recursos.

“Com base na consciência de que o planeta é finito em termos biofísicos, a análise de fluxos e estoques de energia e matéria subsidia a ideia de que os recursos deveriam ser mais bem distribuídos, tendo em vista a satisfação de necessidades humanas básicas, além da preservação desses recursos para  suprir carências das gerações futuras”, afirma Marco Franco. 

Entretanto, o próprio fio da história revela o quanto essa ideia está à margem da economia convencional e da própria literatura científica – ela foi registrada de forma mais abrangente em uma única publicação, de 1987, já esgotada e sem reedição, do economista ecológico espanhol Joan Martinez-Alier.

As origens e evolução do PEE são tema da matéria de capa da edição 2.071 do Boletim UFMG, que circula nesta semana.

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Marcelo Lustosa / UFMG